“Crise da Grécia não representa fim do Euro”

Enquanto a União Europeia (UE) decide que medidas tomar para ajudar a Grécia a superar a crise, especulações e incertezas sobre estabilidade de bloco e da sua moeda circulam pelo mundo. Além dos gregos, cujo déficit público no ano passado alcançou o equivalente a 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB), há um temor de que a situação se agrave em outros países que também estão endividados e registram altas taxas de desemprego.


Entretanto, o cientista político alemão Werner Weidenfeld, diretor do Centro de Pesquisa de Políticas Aplicadas da Universidade Ludwig-Maximilians (LMU), de Munique, tem uma visão otimista. Para ele, a crise na Grécia não é uma ameaça ao bloco. “Não é preciso nervosismo”, afirma. O problema maior, afirma o professor, seria um efeito dominó em países como Portugal, Espanha, Irlanda e Itália.


Confira abaixo trechos da entrevista do professor para o BRASIL ALEMANHA NEWS.


BAN: Como o senhor vê a atual crise na Europa, em especial a situação da Grécia?


Werner Weidenfeld: A Europa é um continente forte. A sua integração é uma história de sucesso da política mundial. Tudo isso não está ameaçado por conta da crise em um país. É preciso ter em mente que a Grécia é menor do que os maiores estados alemães, como a Renânia do Norte-Vestfália e a Baviera. A estabilidade da Europa, com cerca de 500 milhões de pessoas, não será abalada por um país com 11 milhões de habitantes.


BAN: Como o país chegou ao colapso sem que os outros membros da União Europeia percebessem ou tomassem uma atitude a tempo?


Weidenfeld: A União Europeia percebeu a crise tardiamente por três razões. A Grécia escondeu informações por anos. Além disso, a UE não foi sensível ao primeiro sinal de alerta dado pela Agência Federal de Estatísticas da Europa. Este órgão, por sua vez, falha por não ter acesso direto aos dados, ficando dependente das informações passados pelos países-membros.


BAN: A crise na Grécia representa uma ameaça ao Euro?


Weidenfeld: Não, a Grécia é muito pequena para isto. Seria problemático se houvesse um efeito dominó em outros países, como Espanha, Portugal, Irlanda e Itália. A Europa deveria criar a sua própria instituição de política fiscal.


(A criação de um fundo monetário europeu foi proposta pelo ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble e está sendo debatida na UE)


BAN: Quais os impactos de uma possível ajuda econômica à Grécia e quais as consequências para a Alemanha, especificamente?


Weidenfeld: O apoio à Grécia deverá será estabelecido em forma de orientações financeiras e político-econômicas por parte da UE – e não em forma de transferências financeiras diretas. Somente seguindo os padrões europeus a Grécia poderá implementar as difíceis medidas na sua política interna.


BAN: Como fica a situação de países como Portugal e Espanha, que também passam por dificuldades?


Weidenfeld: A União Europeia deverá seguir uma estratégia específica em cada caso.


BAN: Como o senhor avalia o desenrolar da crise? Quais as perspectivas para a Zona do Euro?


Weidenfeld: Não é preciso nervosismo. A história de sucesso da Europa terá continuidade. Trata-se de uma potência em crescimento.

Divulgação/LMU
Divulgação/LMU