Indústria reduziu impacto ambiental, diz CNI

A indústria brasileira conseguiu reduzir consideravelmente o impacto ambiental de suas atividades nos últimos 20 anos.

De acordo com um documento divulgado nesta quinta-feira (14) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) durante a Conferência Rio+20, o País diminuiu suas emissões de gases de efeito estufa, ao passo que incrementou os programas de reciclagem, o uso de insumos renováveis e o reaproveitamento da água.

Na abertura do seminário em que o relatório foi entregue à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destacou que o documento “é resultado de um esforço inédito da indústria nacional de reportar à sociedade seu desempenho sustentável”. Também anunciou o compromisso da CNI de divulgar, a cada quatro anos, os avanços da indústria nacional em sustentabilidade.

Ainda, o presidente da CNI propôs ao governo desonerações tributárias para a produção que preserve o meio ambiente. “É importante que o sistema tributário considere a dimensão ambiental da atuação das empresas, com um corte de impostos mais agressivo para quem utilizar os recursos naturais de maneira eficiente e adotar modelos sustentáveis de produção”, sugeriu.

Para ele, um modelo de produção mais sustentável só será possível caso seus custos e riscos sejam minimizados por políticas públicas amplas de apoio às empresas.

“A preocupação da indústria brasileira com a preservação ambiental não é uma prática de marketing”, enfatizou Andrade. “As indústrias brasileiras não tratam da sustentabilidade como uma manifestação de boas intenções. Cada vez mais, incorporam seus princípios nos planos de negócios. Hoje, a sustentabilidade e a necessidade de aumento da competitividade andam de mãos dadas”, assinalou.

A ministra do Meio Ambiente destacou como fundamental a atuação da indústria na agenda da sustentabilidade. Na visão dela, o Brasil está “saindo do idealismo para o pragmatismo e esse é o desafio político. Estamos numa nova fase de diálogo entre indústria, governo e sociedade. Para a perfeita inclusão da indústria na agenda da sustentabilidade, teremos de ser criativos, não só com as grandes corporações, como também com as pequenas e médias empresas”, frisou Izabella Teixeira.

Setores

 O documento elaborado pela CNI alinha os avanços na conservação do meio ambiente de diversos setores da indústria, responsáveis por 90% do PIB industrial: sucroenergético; alumínio; celulose e papel; química; elétrica e eletrônica; cimento; alimentos; máquinas e equipamentos; têxtil; florestal; aço; mineração; petróleo e gás.

O levantamento aponta que 97,6% das embalagens de alumínio são recicladas no País, um dos índices mais altos do mundo. Já a celulose e o papel produzidos em solo nacional são provenientes integralmente de florestas plantadas, enquanto a indústria química reduziu em 47% suas emissões de CO2 em dez anos.

Dentre os bens de consumo fabricados aqui, a geladeira consome 60% menos energia do que há dez anos, e, nos últimos três anos, houve uma redução de 30% no consumo de água destinado ao processo produtivo de um automóvel, passando de 5,5 m³, em 2008, para 3,92 m³, em 2011.

Alguns alimentos, como o atum e a sardinha enlatada brasileira, são certificados internacionalmente de acordo com critérios da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) para preservação da biodiversidade marinha. Também, de 198 projetos de crédito de carbono no Brasil inscritos até novembro de 2011, 85 eram ligados à cadeia de alimentação. Até 2020, esses projetos terão retirado ou evitado a emissão de 34,8 milhões de toneladas de CO2, o que equivale a plantar e conservar 2.654 km² de cerrado nativo por 20 anos, estima o documento da CNI.

As usinas de açúcar e etanol são autossuficientes em energia, pois utilizam o próprio bagaço da cana-de-açúcar para gerar a energia necessária ao seu funcionamento, e a produção nacional de etanol e biodiesel tem peso importante no mercado brasileiro de combustíveis, equivalendo a  27% da produção nacional de petróleo. O documento acrescenta que o programa de produção e uso de etanol de cana-de-açúcar no Brasil é hoje o mais importante do mundo para a promoção de energia renovável.

Nos últimos 20 anos, o segmento de elétrica e eletrônica investiu na produção de tecnologias que aumentaram a eficiência energética e a produtividade. Em 2010, o selo Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) foi outorgado a 3.778 modelos de equipamentos, distribuídos em 31 categorias e envolvendo 206 fabricantes. Estima-se que as ações do Procel, criado em 2003, resultaram na economia de 6.131 milhões de quilowatts, dos quais um terço é decorrente de geladeiras e freezers.

Por fim, dados da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) mostram que 90% das empresas da área de máquinas e equipamentos adotam políticas para minimizar o impacto ambiental e mais de 60% das grandes empresas têm certificação ISO 14.001. A associação criou, em 2009, o projeto Carbono Zero, que incentiva a adoção de medidas para reduzir as emissões de CO2.

 

SXC
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