Zona do euro pode perder 4,5 milhões de empregos


Se as políticas econômicas atuais não forem modificadas rapidamente, a zona do euro pode perder 4,5 milhões de postos de trabalho nos próximos quatro anos. O alerta é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que ressalta ainda que isso poderia aumentar o risco de perturbação social e erodir a confiança dos cidadãos nos seus governos, no sistema financeiro e nas instituições europeias.



O estudo da entidade, apresentado nesta terça-feira (10), destaca que a zona do euro está com 3,5 milhões de postos a menos em relação ao período pré-crise, e que o número de vagas, na verdade, caiu desde o início do ano em metade dos países-membros, resultando em um total de 17,4 milhões de pessoas procurando por trabalho na região.



A taxa atual de desemprego da população jovem na zona do euro é de 22%. O problema é grave especialmente nos países do sul, como Portugal, Itália, Grécia e Espanha, sendo que, nesses dois últimos, o índice de desemprego juvenil é de mais de 50%.



Em um relatório lançado também na terça-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), afirmou que a taxa de desemprego em seus 34 países-membros deve permanecer alta até pelo menos o final de 2013. Conforme estimativas da instituição, no último quadrimestre do próximo ano, ela deve chegar a 7,7%, o equivalente a 48 milhões de pessoas sem trabalho. Segundo o estudo, para levar os índices de desemprego aos níveis pré-crise, seria necessário criar 14 milhões de postos na área de abrangência da organização.



Outra preocupação da OCDE  é com o aumento do desemprego de longo período nos seus países-membros desde o início da crise – um a cada três trabalhadores sem ocupação está desempregado há um ano ou mais. Na União Europeia, esse índice chega a 44%.



OIT condena austeridade



A publicação da OIT aponta as medidas de austeridade fiscal como sendo prejudiciais ao emprego. “Em um contexto de depreciação macroeconômica, essas reformas tendem a levar a números crescentes de demissões, sem nenhum estímulo à criação de empregos, pelo menos até a recuperação econômica ganhar impulso”, diz o texto.



De acordo com o relatório, caso haja a adoção pela Eurozona de uma estratégia de crescimento que tenha o emprego em seu cerne, a recuperação ainda é possível em um cenário de moeda única. No entanto, para isso, a entidade prega o abandono das abordagens de austeridade e uma urgente reforma dos sistemas financeiros dos países do bloco.



“Reestruturar o sistema financeiro, promover investimentos produtivos, reforçar programas efetivos de emprego, manter a proteção social, promover o diálogo social e garantir planos fiscais que estimulem o emprego vão tirar a zona do euro da armadilha da austeridade e pavimentar o caminho para uma recuperação sustentável com coesão social”, completa o estudo.

SXC
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