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3 de novembro de 2025

10ª Conferência Brasil-Alemanha de Mineração e Recursos Minerais debate papel de minerais críticos e responsabilidade social na transição energética

Por Ana Carolina Castro

Foto: Sérgio Gondim

Sediada pela primeira vez em Salvador, a 10ª Conferência Brasil-Alemanha de Mineração e Recursos Minerais reuniu, na última sexta-feira (31), especialistas, autoridades e empresas para discutir o protagonismo dos minerais críticos e das terras raras na transição energética e como essa pauta deve caminhar em conjunto com práticas robustas de responsabilidade social.

O evento foi promovido pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo), com patrocínio ouro das empresas WIKA e GEMÜ, patrocínio bronze da Weidmüller Conexel e apoio do Ministério de Minas e Energia (MME), do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), do Serviço Geológico do Brasil (SGB) e da Embaixada da República Federal da Alemanha. A conferência também marcou os 10 anos do Centro de Competência de Mineração e Recursos Minerais da AHK São Paulo.

A sessão de abertura foi conduzida por Katharina Gerlitz, Diretora de Internacionalização de Empresas e Desenvolvimento de Negócios da AHK São Paulo, que destacou o papel do Centro como plataforma de cooperação bilateral. Gerlitz destacou que a iniciativa atua para “fortalecer o intercâmbio técnico e empresarial entre Brasil e Alemanha, por meio de estudos de mercado, workshops e missões empresariais que conectam oportunidades concretas de investimento e inovação”.

Em sua fala de abertura, Gerlitz reforçou também a participação brasileira na HANNOVER MESSE, maior feira de tecnologia industrial do mundo. Em 2026, o Brasil será País Parceiro da feira – uma oportunidade que colocará o País no centro das atenções globais para tecnologia industrial, inovação e cadeia de fornecedores. Para as empresas atuantes no setor de mineração, essa é uma janela estratégica para ampliar a visibilidade do setor mineral brasileiro em mercados europeus e para estreitar laços com empresas e centros tecnológicos alemães.

Na sequência, João Marcos Pires Camargo, Diretor de Planejamento e Políticas Minerais da Secretaria Nacional de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (SNGM/MME), compartilhou com os participantes a visão estratégica do Governo sobre regulação e exploração sustentáveis. Camargo enfatizou que “a Alemanha é um importante parceiro do Brasil e a Política Nacional de Mineração visa facilitar a atração de investimentos e o fomento a parcerias bilaterais. Não podemos falar em estímulo a investimentos sem antes falar de estabilidade regulatória. E o princípio para atingir essa estabilidade é a presença de uma agência regulatória forte”. Ele também destacou a centralidade da responsabilidade social na política mineral: “Queremos agregar valor à nossa cadeia e fomentar a industrialização local, diversificando as atividades econômicas e capacitando comunidades nas regiões mineradoras para o período pós-mineração. Nosso objetivo é promover um desenvolvimento sustentável, soberano e transparente, que gere bem-estar e inovação”, afirmou Camargo.

Representando o setor produtivo baiano, Sergio Pedreira de Oliveira Souza, Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), destacou que a extração mineral exerce papel fundamental no PIB estadual e na geração de empregos formais.

Benjamin George, Conselheiro de Assuntos Econômicos da Embaixada da República Federal da Alemanha, contextualizou a cooperação bilateral no campo dos minerais estratégicos. George ressaltou que minerais críticos e terras raras são insumos indispensáveis para tecnologias de mobilidade elétrica, armazenamento de energia e geração renovável, tornando-os pilares da transição energética e da descarbonização das economias.

Do lado empresarial, Júlio Cesar Nery Ferreira, Diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), chamou atenção para o momento geopolítico favorável ao Brasil: “Temos hoje uma janela de oportunidade para fortalecer nossa posição global e consolidar políticas públicas voltadas a minerais críticos e estratégicos.”

A dimensão técnica foi aprofundada por Maisa Bastos Abram, Chefe do Departamento de Recursos Minerais (DEREM) do Serviço Geológico do Brasil (SGB), que apresentou um panorama cartográfico e geofísico do País, destacando o potencial para projetos conjuntos e atração de investimentos internacionais.

Já a perspectiva europeia foi apresentada por Dr. Herwig Marbler, da Agência Alemã de Recursos Minerais (DERA), vinculada ao Instituto Federal de Geociências e Recursos Minerais (BGR). Marbler detalhou padrões de demanda por metais críticos na Alemanha e na União Europeia, reforçando a importância de cadeias de fornecimento previsíveis, transparentes e ambientalmente responsáveis.

O evento contou ainda com um painel sobre financiamento sustentável e parcerias estratégicas na mineração”, moderado por Franz Hinze, Analista de Projetos, Internacionalização de Empresas e Desenvolvimento de Negócios da AHK São Paulo. Participaram André Wolf, Vice-Presidente de Desenvolvimento de Negócios e Originação para o Setor de Indústrias e Comércio do KfW IPEX-Bank; Ana Cristina Franco Magalhães, Técnica da Coordenação de Fomento à Mineração, Petróleo e Gás da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE); e Pedro Paulo Dias Mesquita, Gerente de Mineração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em uma discussão técnica, os painelistas apresentaram modelos de financiamento que integram critérios socioambientais e de governança, reforçando que não há transição energética possível sem uma mineração responsável e socialmente aceitável.

Complementando o conteúdo técnico, representantes das empresas patrocinadoras apresentaram soluções aplicadas à cadeia mineral e industrial. Wellington Lima, Especialista de produtos da WIKA, apresentou tecnologias de medição e instrumentação voltadas a ambientes com fluidos abrasivos, destacando a importância da customização para garantir segurança operacional. Claudio Moreira, Engenheiro de vendas da GEMÜ, por sua vez, detalhou o portfólio da marca para válvulas de alta performance desenvolvidas para processos agressivos e rigorosos, com foco em durabilidade e eficiência.

Pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), Vinicius Monteiro e Marcos Henrique, ambos Especialistas de Projetos, palestraram sobre orescimento sustentável do mercado de nióbio por meio de aplicações, tecnologia e geração de valor.

O evento contou também com o lançamento da nova edição do Mapa da Mineração, produzido pela AHK São Paulo e executado pela GeoAnsata. Glaucia Cuchierato, Diretora executiva da GeoAnsata, apresentou o projeto, que mapeia 291 empresas, 520 plantas e 337 municípios com atividades mineradoras, incluindo 268 minas ativas, e fornece um inventário de commodities que apoia o planejamento e a avaliação de impactos socioambientais. O mapa pode ser acessado clicando aqui.

Foto: Sérgio Gondim

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