O Departamento de Meio Ambiente, Energias Renováveis e Eficiência Energética da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK São Paulo) realizou, no dia 08 de março, um encontro para discutir sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), assim como seus principais Acordos Setoriais, suas metas e avanços.
Composto por cinco palestras apresentadas por especialistas no assunto, o evento começou com a fala de Carlos Silva Filho, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), sobre as perspectivas para o futuro da gestão residual. O empresário deu um pequeno resumo sobre a Lei nº 12.305/10 e mostrou que, ao longo do tempo, houve iniciativa, mas não muitos resultados. “Nós precisamos encontrar o equilíbrio entre o que o mundo pode fornecer de recursos naturais e o que geramos de produtos descartáveis”, disse Silva Filho.
No segundo momento do encontro, foi a vez de Anícia Pio, gerente do Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), falar sobre o impacto da PNRS na indústria. As complicações de colocar em prática a lei foram ressaltadas por Pio. “Ao aplicá-la no dia a dia, encontramos algumas ações inviáveis, principalmente para Pequenas e Médias Empresas”.
João Carlos Redondo, diretor da Área de Sustentabilidade da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), abriu a discussão sobre os Acordos Setoriais, que têm como objetivo implantar uma responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Redondo explicou sobre o sistema de Logística Reversa na linha verde de eletroeletrônicos – isto é, celulares, notebooks e afins. “Estes produtos não são perigosos, porque seus componentes são inertes. Eles só reagirão com o meio ambiente se descartados de forma inadequada. Então, é papel do consumidor ter o discernimento e a consciência de devolvê-los ao fabricante”, completou.
Ruy Ricci, diretor executivo do Sindicato Interestadual do Comércio de Lubrificantes (SINDILUB), falou sobre o Acordo Setorial na área de embalagens plásticas de óleo lubrificante, implementado em três fases, por conta do tamanho do País. “A Logística Reversa é compartilhada. Quando a lei falou do produtor, ela falou também do comerciante, do distribuidor e do consumidor final. Todos têm responsabilidade. Então, cabe ao setor montar exatamente o seu plano”, comentou Ricci.
O último painel foi ministrado por Willian Vagner Gutierrez, gerente de Operações da RECICLUS. Sua apresentação abordou o Acordo Setorial de Lâmpadas Fluorescentes de Vapor de Sódio e Mercúrio e de Luz Mista. Mesmo esses produtos não tendo valor após reciclado – afinal, o vidro é contaminado pelo mercúrio –, é importante para o meio ambiente que eles sejam descartados corretamente. “Como não temos mais fabricantes de lâmpadas no Brasil e 100% delas são importadas, conseguimos, junto ao Governo Federal, uma resolução para brecarmos a importação daqueles que não contribuem com a Logística Reversa”, concluiu Gutierrez.
Como todos os palestrantes relataram, depois de sete anos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos apresentou avanços. Porém, ainda há uma má gestão desses materiais e alguns impasses devem ser resolvidos para que todas as metas previstas pela lei sejam alcançadas.
Foto: AHK São Paulo/Leandro Balabanian