Investir para crescer

Depois de dois anos de crise, a economia global se recupera mais rapidamente do que se previa. Passada a estagnação em 2009, estima-se um crescimento mundial de 3,9% neste ano e uma média anual de 4,5% entre 2011 e 2015. Os emergentes devem puxar a recuperação com 6% em 2010 e 6,5% ao ano até 2015. “O quadro da economia mundial vem se alterando e novos países vão assumindo mais relevância”, destaca o professor-doutor do departamento de economia da PUC-SP, Antônio Corrêa de Lacerda.


O incremento médio anual na economia brasileira deverá ser de 5% até 2015. “Esse momento brasileiro é especial pela nossa resiliência diante da crise e as oportunidades que surgem na economia. Mas é preciso realizar investimentos para melhorar os gargalos e garantir um crescimento sustentado no longo prazo”, é o que alerta Lacerda, que também é economista-chefe da Siemens.


Cenário brasileiro


O Brasil saltou da 10a. para a 8a. posição no ranking das maiores economias contabilizado pelo Fundo Monetário Internacional em 2009, enquanto a Alemanha está na 4a. colocação. Com o aumento do crédito e a isenção de tributos promovidos pelo governo, o setor industrial brasileiro – o mais afetado pela crise – vem se recuperando. Isso porque apesar de o PIB brasileiro de 2009, de acordo com dados preliminares, ter apresentado uma estagnação (crescimento próximo a 0%) houve uma retração de 7,4% da produção industrial no ano passado. “O nível de utilização da capacidade instalada das indústrias tem voltado gradualmente aos padrões observados no período pré-crise. Isso é diferenciado de segmento para segmento, mas no cômputo geral a situação tem melhorado”, destaca.


Justamente a melhora da indústria que irá impulsionar novos projetos de investimentos e evitar que haja descompasso entre a demanda e a oferta no médio prazo.


 


Lições do pós-crise


De acordo com Lacerda, o Brasil pode tirar algumas lições da pós-crise e isso ajudará o País a caminhar para a rota do crescimento mais duradouro. A diminuição da dívida externa, a melhora da qualidade do passivo externo – com ingresso de capitais de longo prazo – e a redução do déficit em conta corrente deram ao País mais autonomia para sua política econômica interna e, possibilitaram ao Brasil acumular reservas cambiais. “Há sempre o custo de carregar as reservas, mas os benefícios compensam. Isso porque elas garantem uma blindagem contra o que acontece no mercado internacional”, destaca.


Para o economista, as ações dos bancos públicos (como BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) também propiciaram uma rápida recuperação da economia e a ampliação do crédito não só empresarial, mas também o destinado às pessoas físicas. “Nesse contexto saliento o papel do BNDES como financiador de projetos”. Incentivos tributários, redução da taxa de juros de olho nas contas públicas e no mercado de crédito, e, ainda, o ajuste das empresas brasileiras no curto prazo sem perder o foco estratégico também são algumas medidas observadas. “o mercado doméstico é um ativo importante para o crescimento, tendo em vista que representa 85% do PIB”.

SXC
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