Crescimento em 2010

A economia brasileira tem todas as condições de atingir um crescimento de 5% a 6% em 2010, principalmente pelo papel do mercado de consumo. Esse foi um fator fundamental para evitar um maior contagio da crise internacional no ano passado e continuará a ser importante impulsionador do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Quatro principais fatores têm garantido a expansão do mercado doméstico brasileiro.


O primeiro é a inflação relativamente controlada. O regime de metas de inflação tem permitido uma maior previsibilidade por parte dos agentes econômicos (empresários, trabalhadores e consumidores), o que tem propiciado a manutenção da renda real e dado maior confiança para as decisões, tanto de contratação de trabalhadores, como de assunção de compromissos por parte dos consumidores.


O segundo fator é o crescimento do emprego. Mesmo no ano passado em que a economia não cresceu, foram gerados cerca de um milhão de novos empregos (resultado líquido, excluídas as demissões). Isso representa um acréscimo de relevância no número de consumidores. As políticas anticiclicas adotadas pelo governo brasileiro para amenizar os efeitos da crise surtiram efeito e houve aquecimento de produção e vendas em setores como o automobilístico e eletrodomésticos.


O terceiro fator é o crescimento dos salários, mediante a negociação entre empresários e trabalhadores de acordos de reposição da inflação e mais um aumento real compatível com a produtividade obtida no setor. A retomada de atividades, como da constução civil, por exemplo, também propiciou o aumento dos salários contratados, aumentando a massa de consumo.


O quarto fator é a expansão do crédito, que vem crescendo, especialmente pela ação dos bancos públicos, como BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e outros. Trata-se de uma política deliberada do governo federal para contrabalançar a queda das linhas de financiamento e crédito externos, escassas como conseqüência da crise internacional.


Ao contrário de muitos países a relação crédito/PIB no Brasil ainda é baixa, de cerca de 45%, e tem muito espaço para crescer. Todos estes fatores combinados deverão impulsionar o crescimento do mercado de consumo em 2010. Uma outra contribuição virá dos investimentos, que respondendo ao crescimento esperado da demanda deverão ser retomados pelas empresas, revertendo a queda de 10% observada no ano passado.


O quadro abaixo ilustra o movimento de recuperação dos investimentos que deverão crescer 12% em 2010, também influenciados pelos projetos públicos, como aquelas previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além de outras iniciativas. A sustentabilidade do crescimento econômico dependerá fundamentalmente do fomento aos investimentos, em ampliação da capacidade produtiva e melhora da infraestrutura, de forma a atender ao aumento do consumo sem gerar pressões inflacionarias decorrentes do desequilíbrio oferta e demanda.


Para isso será fundamental que as condições macroeconômicas sejam favoráveis (principalmente cambio e juros), além da melhora do ambiente de negócios, com desoneração tributária, diminuição da burocracia e melhora dos processos em geral.


SXC
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