Elas acontecem apenas a cada 10 anos, duram mais de 100 dias e são internacionalmente únicas: as encenações na cidade de Oberammergau, ao Sul da Baviera. Finalmente em 15 de maio, é chegada a hora. Turistas da Alemanha e de todo o mundo vêm à essa vila, localizada nos Alpes bávaros, para vivenciar a história do padecimento de Jesus Cristo.
Uma particularidade é que os mais de 2.500 atores – dentre eles um a cada dois habitantes da cidade – atuam no palco ou nos bastidores do gigantesco teatro ao ar livre. Todo aquele que estiver vivendo a mais de 20 anos em Oberammergau ou nasceu lá, tem o direito de participar. A história de sucesso do teatro da Paixão de Cristo de Oberammergau está indivisivelmente ligada à peste na Guerra dos Trinta Anos (de 1618 a 1648).
Depois que a “peste negra“ provocou a morte de inúmeros habitantes, também atingindo a vila da Alta Baviera, alguns cidadãos prometeram, em 1633, apresentar a peça do “sofrimento, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo“, para que a peste não exigisse mais nenhuma outra vítima. Realmente essa lenda foi passada de geração a geração, e, a partir daí, nenhum habitante de Oberammergau morreu em função da epidemia. Em Pentecostes de 1634, os habitantes cumpriram a promessa pela primeira vez.
A apresentação aconteceu em um palco no cemitério, montado em cima dos túmulos dos mortos pela peste negra. Desde então, os habitantes apresentam regularmente sua encenação. Na Idade Moderna, o teatro tornou-se um acontecimento renomado internacionalmente e gera muitos milhões de euros. O diretor muniquense Christian Stückl dirige novamente as encenações pela terceira vez desde 1990. Pela primeira vez, hoje com 48 anos, ele obteve do Conselho Municipal o direito de propor os atores para encenação de 2010, e a maioria foi aceita.
O jovem de 30 anos, Frederik Mayet, é um dos dois atores que interpretam Cristo neste ano. Mayet, que deixou, de acordo com as normas, crescer a barba como todos os atores masculinos, divide com o estudante de Psicologia Andreas Richter o papel principal. Todos os principais papeis são ocupados por duas pessoas. É feito um sorteio de quem vai atuar na estreia. Quando a cortina descer pela última vez no início de outubro, quase meio milhão de espectadores, dentre eles muitos dos Estados Unidos, terão visto a encenação da Paixão de Cristo.
O diretor Stückl mais uma vez foi imaginativo para tornar o evento um grande sucesso para o município à beira dos Alpes. Pela primeira vez, ele transferiu o apogeu de sua encenação para o fim da tarde, para poder aproveitar de forma dramática o cair da noite. Desta vez ele quer destacar ainda mais que “consequências Cristo assumiu durante sua vida até sua crucificação“.
Novidade também no palco. Árvores deverão limitar o palco de quase 70m de largura. Além disso, o piso foi pintado com um material azul fosforescente. Muito mais colorido do que em antigas encenações serão, além dos novos figurinos, também as doze “figuras vivas“, apresentando a partir do Velho Testamento.
