Quatro grandes especialistas em marketing se reuniram na Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo nesta quarta-feira (30) para discutir as tendências e perspectivas para o setor. O encontro marcou a reformulação do Grupo de Intercâmbio de Experiências (GIE) de Marketing, que pela primeira vez contou com um painel de discussão.
A moderação ficou a cargo de Vinicius Lopardo, Gerente de Marketing na IFM. Em sua apresentação, Lopardo destacou que um dos maiores desafios das empresas ainda é a falta de maturidade no marketing digital. “Não estamos falando de marketing do futuro, mas do presente”, afirmou.
Os painelistas foram unânimes ao relatar que digitalização criou um novo perfil de consumidor, exigindo das empresas um alinhamento à construção deste novo cenário de mercado. “Diariamente recebemos cerca de 10 mil mensagens. Esse verdadeiro bombardeamento de informações muda os padrões de interação. Pesquisas apontam que cerca de 40% dos millenials afirmam que nunca tiveram uma experiência memorável com uma marca. É fato: o consumidor mudou, já não se impacta como antes. E o marketing precisa acompanhar essa mudança”, declarou Yuri Lazaro, Sócio Fundador da YLX.
“A única certeza que temos é a de que estamos fazendo menos do que poderíamos. O atual cenário é mais complexo e mais simples ao mesmo tempo. Por um lado, o consumidor está diferente, com novas demandas diante de muitas ofertas. Esses fatores agregam maior complexidade à tarefa de chegar ao público. Contudo, felizmente o marketing digital oferece muitas ferramentas para esse approach”, afirmou Bruno Mello, Fundador e Diretor Executivo do “Mundo do Marketing”.
Para Mello, a chave para o sucesso é o “back to basics”. Antes de traçar estratégias complexas para atingir o público, é preciso se certificar de que o mínimo está sendo feito, e de maneira assertiva. “Se você não consegue efetivar o seu cliente, dificilmente conseguirá fazer algo relevante para ele”, apontou. É importante mapear a jornada de compra do seu público e, a partir disso, gerar leads por meio de conteúdo. “O futuro não chega, ele atropela. E as empresas que crescem são aquelas se importam com o sucesso do cliente”, finalizou.
Para os painelistas, o bom marketing digital é pautado não somente na venda do produto em si, mas na geração de experiências. “O único jeito de competir com uma máquina é não sendo uma máquina. É preciso gerar experiências para o cliente e entender que rede social não é CRM, é plataforma para construção de vínculo, de relacionamento”, afirmou Rodrigo Amorin, fundador da Elephante Publicidade. Abordando o conceito de economia efetiva, Amorin falou ainda sobre como explorar emoções para gerar lucro, a partir do resgate de memórias do cliente. “A maior parte das decisões está atrelada ao inconsciente. Podemos usar a tecnologia para potencializar o lado lúdico e, assim, criar valor, mesmo no mercado B2B.”
O consultor de marketing digital Fernando Souza concordou com a ideia e ressaltou que o crescimento sem potência não é relevante. Conseguir o cliente não pode ser o único foco, mas sim fazer dele um promotor do seu negócio. “Não adianta fazer marketing tradicional dentro do ambiente digital. É preciso repensar as estratégias e entender que o marketing digital envolve diálogo”, declarou.
Ele comentou ainda sobre a importância de traçar uma estratégia de investimento em marketing assertiva. “O conteúdo precisa chegar às pessoas. Não basta investir na produção de conteúdo, é preciso garantir que ele chegue às pessoas. O maior desafio é encontrar um ponto de equilíbrio, entendendo que o marketing de conteúdo é um investimento a longo prazo”, afirmou Souza. Lopardo complementou: “Não podemos ignorar o fator humano. Nós fazemos as perguntas; a máquina só responde. Tem uma ideia? Não é preciso investir, de imediato, um valor alto. Ainda que de maneira simples, execute, teste, mensure. Mas faça acontecer.”