Em um mundo cada vez mais atento à sustentabilidade, a pergunta “quanto custa ser verde?” ainda soa como um empecilho àqueles que querem investir em tecnologia limpa. Mas, para Claude Ouimet, a questão deveria ser outra: quanto custa não ser verde? O executivo é vice-presidente da Interface Flor, empresa norte-americana produtora de carpetes que, após tomar a decisão de ser sustentável, alcançou, entre 1995 e 2008, uma economia de US$ 54 milhões. A medida tornou-a uma referência mundial na integração da sustentabilidade à cultura corporativa.
Ouimet esteve em São Paulo a convite da Boehringer Ingelheim, cujo escritório é decorado com os carpetes da Interface. Eles são reciclados e produzidos a partir de energia limpa. A sede da farmacêutica alemã na capital também adota outras medidas para se tornar ecologicamente correta e reduzir custos.
“Nós mudamos para este escritório no ano passado e procuramos torná-lo o mais verde do Brasil. Também almejamos, e estamos perto de conseguir, um certificado Leed Gold (Leadership in Energy and Environmental Design, da US Green Building Rating), que exige que todos os equipamentos, não só o carpete, mas também os móveis, a pintura, a questão da energia e do lixo, tudo seja sustentável”, afirma o diretor de Relações Institucionais da Boehringer, Adrian Von Treuenfels.
Segundo o executivo, a inovação está atraindo a atenção de outras unidades da empresa no mundo e deverá servir como exemplo. Com as medidas, a energia foi reduzida em torno de 40% e a economia de papel chegou a 80%. Além disso, a Boehringer controla as emissões de CO2 e implementou um sistema de home office uma vez por semana. Por meio dele, os funcionários trabalham em casa no dia do rodízio de seus veículos, usando o laptop e um celular. “Ganha o funcionário, ganha a empresa – que ocupa menos espaço -, ganha o trânsito e o meio ambiente. Ganha todo mundo”, comenta Treuenfels.
Pensar verde
A meta da Interface Flor é atingir impacto zero no meio ambiente até 2020. Segundo Ouimet, a empresa se encontra no meio do caminho, com 51% desse objetivo cumprido. Sete passos foram seguidos para que o resultado fosse conquistado, entre eles estão o desperdício zero, o uso de energias renováveis, a reciclagem e o redesenho do comércio.
O exemplo está sendo levado para diversos países, através de suas palestras. Ele ensina que a mecânica da sustentabilidade é mensurar impactos e andar de mãos dadas com a inovação.
Para Ouimet, a forma de pensar os negócios é que precisa ser mudada. “O melhor dinheiro investido hoje no mundo, não tenho dúvida, é no ‘verde’”.