Na tarde da última sexta-feira (22), a Diretoria da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo se reuniu com Henrique Meirelles, Secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, para discutir as perspectivas econômicas diante do cenário de pandemia da Covid-19.
Durante o encontro, o Presidente da instituição Philipp Schiemer apresentou a Meirelles o resultado de um levantamento feito com os executivos das empresas associadas. Entre os respondentes, 55% avaliaram a situação atual de seu segmento como satisfatória e 40% como ruim.
Questionados como o faturamento do seu segmento se desenvolverá até o final de 2020, 28% responderam que preveem diminuição de 21% a 30%. Contudo, 42% afirmaram que a empresa atingirá novamente o nível de faturamento pré-crise em 2021. A maioria (68%) também revelou que não prevê redução do quadro de funcionários em 2020.
Quanto ao principal motivo para os atuais desafios nos negócios, a baixa demanda foi indicada por 62% dos respondentes.
Citando os desafios apresentados pela pandemia, Meirelles afirmou que o principal obstáculo ainda é a baixa adesão às medidas de isolamento social. “O índice de isolamento tem surpreendido negativamente, apresentando muitos desafios. O maior problema é a evolução da pandemia no Brasil. Temos um número muito grande de pessoas, especialmente na área metropolitana de São Paulo, que por razões diversas, não aderem aos protocolos de isolamento. O nível de isolamento está abaixo do que é considerado o mínimo necessário para que possamos evoluir dentro de uma política de abertura gradual”, afirmou.
Meirelles disse ainda que o cenário é envolto por pouca previsibilidade, mas garantiu que o Governo de São Paulo está trabalhando duramente para apoiar cada setor. “Estamos definindo os protocolos de abertura de cada setor específico. Hoje já temos mais dados disponíveis que viabilizam o desenvolvimento desses protocolos, visando primeiramente a segurança da população, mas também condições de uma saída da crise logo que possível para retomar gradualmente as atividades”, declarou.
O Secretário revelou que esses protocolos estão sendo estabelecidos a partir de grupos de trabalho com médicos infectologistas, economistas e outros especialistas para garantir que, uma vez anunciados, os cronogramas sejam viáveis e sustentáveis.
Questionado pela falta de alinhamento entre as três esferas do governo, Meirelles garante que vê uma maior convergência entre os poderes federal, estadual e municipal. “No primeiro momento da evolução da pandemia o presidente foi contrário às medidas de distanciamento social. Mas vejo que essa reunião com os governadores foi um primeiro passo importante frente à necessidade de unificar as ações. O entrosamento entre as esferas é essencial para caminharmos rumo ao fim da crise.”
No que diz respeito à possibilidade de lockdown no estado de São Paulo, Meirelles se mostrou otimista quanto à necessidade de medidas mais radicais. “Essa possibilidade é muito baixa”, declarou, completando que não podemos ignorar o impacto da pandemia na economia brasileira. “A crise do coronavírus está impactando fortemente a economia e a arrecadação dos estados. A arrecadação em abril teve uma queda de 22% ao que estava previsto. Nossa previsão para maio é de mais de 30%”, disse. “Tão logo passe a pandemia, vamos retomar os projetos, acelerar os programas de privatização e buscar o máximo possível de investimentos”, afirmou, citando a privatização da Sabesp como a principal prioridade pós-pandemia.