Carros voadores, casas e equipamentos conectados, uma população totalmente familiarizada com tecnologias e robôs por todos os lados. Esses são as primeiras imagens que nos vem à cabeça quando falamos sobre smart cities. A realidade ainda está um pouco distante dessas fantasias, mas se revela não menos empolgante devido as novas inovações na área. De acordo com a World Foundation for Smart Comunities, o conceito de smart city está associado ao crescimento estruturado e inteligente das metrópoles, uma vez que o aumento das populações ao redor do mundo preocupa as governanças com o futuro de suas cidades. Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que dois terços de toda a população mundial viverão em conurbações, unificação da urbanização de duas ou mais cidades, em consequência de seu crescimento geográfico, até 2050. Naturalmente esse crescimento traz novos problemas à tona – e a lista de empecilhos para o desenvolvimento dessas cidades não é nada pequena: trânsito, poluição, aumento da violência e falta de acessibilidade são alguns dos impactos trazidos pelas superpopulações. Este crescimento desenfreado exige também o auxílio da tecnologia na questão da infraestrutura e a união entre esses dois itens é essencial para ajudar na operação e execução das ações das smart cities de forma eficiente.
Atributos tecnológicos são de extrema valia para a implementação e desenvolvimento das smart cities: Internet das coisas (IoT, em sua sigla no inglês), big data e inteligência artificial aparecem no topo da lista como principais alicerces das chamadas “cidades do futuro”. Especialistas consideram que é neste século que está acontecendo a “quarta revolução industrial”, onde a robotização chega em níveis inimagináveis há poucos anos. Algumas empresas, como a Bosch, empresa líder em tecnologia e associada à Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo), pensam no futuro e já utilizam a inteligência artificial e o IoT para auxiliar o desenvolvimento nas grandes cidades. O Gerente de Marketing, Comunicação e Relações Institucionais da Robert Bosch América Latina, Carlos Abdalla, afirma que as grandes cidades precisam se preocupar com o crescimento desordenado. “É preciso ter uma nova concepção de cidade – mais inteligente e eficiente. E o fator chave para isso passará por soluções e tecnologias baseadas na Internet das Coisas (IoT) e na Inteligência Artificial (IA). A longo prazo, cidades não-inteligentes não sobreviverão sucumbindo ao engarrafamento e na falta de infraestrutura”.
Atuando ativamente para preparar as cidades para uma mobilidade inteligente, a Siemens prepara suas soluções visando a melhoria da mobilidade das cidades. O Head of Future Grids da Siemens no Brasil, Ricardo Nakamura, explica qual é o foco da empresa para formar o conceito de smart cities. “Nós atuamos em várias frentes de mobilidade urbana com suas soluções, que, atreladas ao nosso foco em Digitalização, formam a base para o conceito de smart cities. Dados de monitoramento e performance coletados por meio de equipamentos Siemens podem ser utilizados em plataformas de computação na nuvem, como nosso Mindsphere (plataforma de nuvem aberta desenvolvida pela Siemens), para gerar ações específicas de melhoria e eficiência energética, contribuindo assim com uma mobilidade urbana sustentável.
Alguns fatores cruciais distanciam as cidades brasileiras das metrópoles da Europa ou Ásia que já atendem aos conceitos de smart city. Para Abdalla, a única chave para minimizar essa distância é o investimento. “O Brasil precisa de um investimento mais forte seja ele na área tecnológica – transmissão e recebimento de dados (tecnologia 5G), wi-fi gratuito nas ruas – seja na área de serviços oferecendo soluções que integrem a população com os serviços públicos, melhor aproveitamento dos espaços urbanos e dos recursos naturais”, Nakamura pensa que apesar da falta de investimento, nosso país tem um grande potencial para o crescimento das cidades inteligentes. “O Brasil possui um grande potencial de crescimento no conceito de smart cities. Temos grandes cidades que demandarão cada vez mais digitalização e modernização de suas instalações para continuarem crescendo de forma sustentável. Agentes públicos e privados devem se unir para gerar planos concretos de desenvolvimento e estabelecer metas de controle”, afirma.
Esse conteúdo foi originalmente publicado na edição de 2019 da revista BrasilAlemanha de Inovação. Para acesso a esse e mais conteúdos na íntegra, clique no link para a edição: https://www.ahkbrasilien.com.br/publicacoes/revista-brasilalemanha