Embora o Brasil seja mundialmente conhecido como um país receptivo e caloroso, quando um estrangeiro muda-se para cá, logo se depara com uma realidade diferente. Não que o brasileiro seja frio ou rejeite visitantes de outros países, mas, para quem vem de fora, o choque cultural costuma ser grande e a adaptação ao novo modo de vida nem sempre é fácil.
Para solucionar problemas desse gênero, cresce cada vez mais a demanda das empresas por treinamento intercultural de seus funcionários estrangeiros, prática que procura fazer com que o expatriado compreenda o modo de vida do país no qual passará a residir e possa se integrar a ele.
Treinamento
O conceito não é novo. No mundo empresarial, ele surgiu no fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim. A partir de então, as companhias sofreram um processo de internacionalização e adotaram o conceito de treinamento intercultural. Mariana Barros, sócia da Differänce, voltada a esse serviço, conta que “as empresas perceberam, junto com a política de Recursos Humanos (RH), que o capital mais importante é o capital humano”.
O treinamento engloba diversos aspectos. Embora ele possa ser customizado, existe um formato básico. “São várias questões a serem pensadas. Fala-se sobre o que é o choque cultural, em termos psicológicos e comunicativos, e há também a parte na qual são tratadas questões sobre a cultura local. Mas a forma como isso é abordado varia de empresa para empresa”, conta.
Expatriados Alemães
Mariana, que já atendeu clientes como a Mann Hummel e a Volkswagen, conta que os alemães costumam sofrer com a diferença cultural ao chegar no Brasil. Para eles, flexibilidade e pontualidade são fatores problemáticos. “Para o alemão, é uma questão de respeito. Ele se sente desrespeitado com a flexibilidade em relação aos compromissos que o brasileiro tem”, explica. Além disso, “o alemão vem de uma cultura em que a família e as amizades são muito nucleares, enquanto, para nós, é tudo muito expandido”.
A duração do treinamento costuma variar. Para as famílias, 1 ou 2 dias são suficientes. Para as empresas, depende do projeto proposto pelo RH. De qualquer forma, a tarefa não é simples. “Internacionalizar commodities é fácil: você coloca em um navio e envia. Mas internacionalizar sentimentos é um pouco mais complexo…”, finaliza Mariana.