Inovação aberta e ESG foram debatidos no 2º dia do Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade

O segundo dia do Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade (CBAIS) deu continuidade, nesta sexta-feira (24), à intensa programação de painéis com especialistas do ecossistema de inovação. Promovido pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo), o evento reuniu profissionais de diversas empresas para discutir as principais tendências nas áreas de inovação e sustentabilidade.

Os temas ESG (da sigla em inglês para Governança Ambiental, Social e Corporativa) e ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) foram pauta recorrente ao longo das discussões do dia. “A Câmara se preocupa muito com os temas de inovação e sustentabilidade. Na área de inovação já ganhamos prêmios importantes e na área de sustentabilidade somos protagonistas, defendo os ODS do Pacto Global. Hoje, com mais um passo nessa direção vamos fortalecer essa posição de liderança e isso só é possível em função do engajamento de tantas pessoas”, afirmou Thomas Timm, Vice-Presidente Executivo da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo em seu discurso de abertura.

Comentando a importância da inserção das pautas sustentáveis nas agendas corporativas, Antonio Lacerda, Líder do Comitê de Inovação da Câmara Brasil Alemanha de São Paulo e Vice-Presidente Sênior na BASF América Latina, explicou que o compartilhamento de informação é o primeiro passo para trabalhar a temática de forma assertiva. “É importante que exista um esforço de letramento em ESG e ODS para que colaboradores, clientes e fornecedores tenham conhecimento a respeito desses temas tão atuais. É nossa prioridade trabalhar com foco para obter resultados, para que por meio desse trabalho possamos construir uma sociedade mais justa e sustentável”, afirmou.

Em seguida, Jefferson de Oliveira Gomes, Superintendente de Inovação e Tecnologia no SENAI-CNI, discursou sobre o papel da inovação no estabelecimento de políticas de sustentabilidade. “É fácil falar de ODS, mas é muito difícil resolver os problemas relacionados a eles. E isso só se resolve com inovação”, declarou.

“Estamos passando por um processo de aprendizagem que nos levou a mudanças profundas no modo de pensar e agir nos próximos anos. Temos os mecanismos certos para enfrentar os desafios do nosso tempo. Cabe a nós preenchê-los com os conteúdos certos. E este congresso contribui muito para isso”, elogiou Dr. Thomas Schmitt, Cônsul-Geral da Alemanha em São Paulo .

 

NEGÓCIOS DE IMPACTO

Dando início ao bloco temático “Negócios de impacto”, o primeiro painel do dia convidou os participantes a uma reflexão sobre o ecossistema de cleantechs e as inovações que podem ser aplicadas para zerar a pegada de carbono. A discussão foi moderada por Bruno Vath Zarpellon, Diretor de Inovação e Sustentabilidade da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo.

“Quando falamos em cleantechs, pensamos logo em hard sciences. Mas cleantechs podem ser também posturas. Não adianta ter tecnologia de reciclagem de lixo, por exemplo, se a população não adere a esse processo. Para mim, a melhor definição é a que cleantechs são tecnologias e posturas políticas ou individuais que levam à preservação e ao menor impacto ambiental”, explicou Eduardo Soriano Lousada, Diretor do Departamento de Tecnologias Aplicadas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Sergio Jacobsen, CEO de Smart Infrastructure da Siemens Brasil, destacou a importância de dar o primeiro passo para adotar posturas de comprometimento real com modelos de negócios mais sustentáveis. “Sair do papel é fundamental para a transformação. Na minha opinião, é preciso começar a precificar o CO2 para forçar as decisões para o outro lado. Se o único aspecto analisado for o ganho em imagem, será muito difícil fazer a transformação, de fato.”

Luiz Antonio Mello, Business Development Manager na thyssenkrupp Brasil, apresentou aos participantes o potencial do hidrogênio verde. “O hidrogênio verde é a grande aposta para transformar os grandes modais de transporte em pegada zero de carbono. A migração para tecnologias mais verdes, que possibilitem a redução de emissões, é um caminho sem volta”, disse.

 

A IMPORTÂNCIA DO ESG PARA TODA A CADEIA DE VALOR

O segundo painel do dia teve como temática “A importância do ESG para toda cadeia de valor”. Responsável por moderar a discussão, Afonso Lamounier, Vice President Government Affairs da SAP Latin America, resumiu bem qual deve ser o foco da estratégia de ESG: “O ponto central da estratégia de ESG é geração de valor: para a sociedade, para as pessoas, para o meio ambiente, para o mercado e, claro, para as empresas.”

Ana Michi, Consultora de Sustentabilidade da BASF América do Sul, concordou: ”Sustentabilidade não se faz sem envolver toda a cadeia de valor. Os desafios da sociedade são muito complexos e isso se desdobra no mundo empresarial. Não consigo entregar uma solução para o meu cliente se eu não tenho toda uma cadeia muito bem estruturada.”

“Sustentabilidade é um bom negócio. E é por isso que o diálogo de sustentabilidade precisa envolver o financeiro. É fazer conta, mostrar a eficiência, provar que pode dar certo!”, ressaltou Carolina Learth, Superintendente de Desenvolvimento de Negócios Sustentáveis do Santander Brasil.

Para Henrique Paiva, Diretor de Relações Governamentais do Brasil e Diretor de Sustentabilidade América Latina da Siemens Brasil, este é o momento ideal para o País se apoiar em suas vantagens naturais e usá-las de forma estratégica no no mercado global.  “O Brasil tem um potencial enorme de se alavancar nessa agenda de ESG e deveria usar isso como seu diferencial como economia. Como política a longo prazo, deveríamos abraçar a causa e fazer com que isso aconteça!”, declarou.

 

MERCADO DE CARBONO E HIDROGÊNIO VERDE

O congresso contou ainda com uma rodada de palestras. Luis Adaime, Founder e CEO da Moss.Earth, compartilhou com os participantes um panorama geral sobre a evolução do mercado de carbono. ““Pesquisas indicam que o investimento na venda de créditos de carbono resultaria em um aumento de 7% do PIB brasileiro. Potencial para isso o País tem, tendo em vista sua grande vantagem nesse mercado de energia limpa”, afirmou.

Em seguida, Detlef Kratz, Presidente de Process Research & Chemical Engineering na BASF, falou sobre Inovação e Sustentabilidade. “Quando falamos de transição energética, a Alemanha é um grande exemplo. Temos um mix de energias fosseis e renováveis, felizmente com cada vez mais uso de energias renováveis. No entanto, só podemos fazer a descarbonização e alcançar as metas ousadas que temos se tivermos energias renováveis em abundância e por um custo razoável. Sustentabilidade custa e para a transição energética acontecer a sociedade e as empresas precisar estar dispostas a pagar por isso”, destacou.

Encerrando a primeira parte do evento, Tobias Birwe, Sales Director Fertilizer and Methanol da thyssenkrupp palestrou sobre o Hidrogênio Verde, explicando seu processo de produção e todo o interesse global em torno do vetor energético como protagonista no processo de transição energética, além de dar detalhes de plantas de desenvolvimento de metanol e amônia.

 

ODS AS BUSINESS CASE 

Após o almoço, o evento ofereceu um workshop intitulado “ODS as Business Case”, administrado por Ana Carolina Paci, Gerente de ODS e Engajamento no Pacto Global Brasil. Os ODS foram desenvolvidos pelos Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) a partir da definição de 17 metas globais a serem atingidas até 2030.

O workshop tinha o propósito de sensibilizar empresas sobre a urgência do tema e demonstrar formas estratégicas de aplicação dos ODS nas atividades e projetos das corporações. “O cumprimento das ODS é uma forma de se manter conectado às exigências da sociedade e do mundo, além de permitir a geração de valor de maneira conjunta. Trabalhar em direção aos ODS não é mais uma escolha”, disse Paci.

 

INOVAÇÃO ABERTA

O último painel do Congresso contou com casos de inovação aberta das empresas para as empresas âncoras do programa Startups Connected. Com moderação de Zarpellon, Ornella Nitardi, Gerente de Inovação Aberta e Ecossistemas Digitais da BASF América do Sul; Priscila Cruzatti, Gerente de Inovação e Saúde Digital do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC); José Borges Frias Jr., Director of Strategy and Business Development da Siemens Brasil; e Mirella Vieira, Gerente de Inovação da Bayer Pharmaceuticals, trocaram experiências sobre conexão com startups e discutiram a importância da inovação que elas oferecem.

Por fim, foram anunciados os vencedores da 6ª edição do Startups Connected, programa de aceleração que fomenta a conexão entre startups e grandes empresas, assim como a cocriação de novas soluções em conjunto com as empresas âncoras a partir de desafios. A edição deste ano recebeu aproximadamente 200 inscrições de startups com as mais diversas soluções para os sete desafios propostos por empresas alemãs associadas à Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo.

Confira a lista completa de vencedores:

  • Eficiência Energética em Edificações (GIZ): Energy Brain 
  • Self Care (Bayer): BioAps 
  • Saúde Digital e Experiência do Paciente (HAOC): Mindify 
  • Eficiência Energética (Siemens): Pix Grid 
  • Logística 4.0 (Voith): Logmax
  • Ecossistema Circular 4.0 (GT de Sustentabilidade): OSucateiro
  • Vida mais saudável (DWIH São Paulo): Hilab

Clique aqui para acessar o resumo dos debates do primeiro do congresso