ESG na indústria passa pelo tratamento da água e efluentes

Foto: Divulgação AHK Paraná

Empresas devem investir em práticas sustentáveis para manter a competitividade no mercado

Andreas Göhringer*

Muito se fala nos critérios ESG atualmente, mas como ir além do discurso e passar à prática numa perspectiva de longo prazo? Atender às necessidades e expectativas dos stakeholders nas três áreas – ambiental, social e governança – exige coragem para realizar um diagnóstico aprofundado de todas as operações e, na sequência, passar para um plano de ação que sane os possíveis gargalos da empresa. Claramente, é preciso investir para obter um raio-x realista de sua própria atividade.

Gostaria de abordar uma área em que se faz necessária a aplicação de tais critérios com urgência no Brasil: o saneamento. Sabemos que o tratamento da água no Brasil e a adequação de efluentes industriais é uma emergência, e a crise hídrica apenas intensifica isso. Se pensarmos que a média de água potável perdida no Brasil em 2018 foi de 38,45% do total (de acordo com o Trata Brasil e Water.org), fica clara a necessidade de investimentos na infraestrutura do serviço de fornecimento de água. Destaco ainda a importância da manutenção de todo o sistema, pois medidores mais modernos e precisos podem estancar vazamentos e alertar para deficiência do processo.

Os dados obtidos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico revelam que o ganho financeiro que o país teria com a redução de perda desse volume de água poderia chegar a R$ 30 bilhões até 2033. 

Como a sua empresa se encontra nesse quesito? Seja na atuação com o tratamento de água potável ou na recuperação de seus efluentes, necessário em indústrias de todo ramo, podemos dizer que a perda desse precioso recurso hoje é inadmissível, e equipamentos atualizados e modernos podem ser uma ótima ferramenta para evitar o desperdício.

O quesito ambiental, quando se fala em saneamento, é óbvio, mas o social também se faz presente. Afinal, 16% da população brasileira ainda vive sem água tratada, e 47%, ou seja, quase a metade, sem acesso à rede de esgoto. Como sua empresa se relaciona com o entorno de suas unidades fabris? Esse é um ponto que já foi abordado por muito tempo dentro de um viés assistencialista, mas que hoje exige medidas realistas e estruturais.

A gestão das indústrias, ou sua governança interna e externa, também pode trazer insights de melhoria no tratamento da água e efluentes. Se pensarmos no transporte de fluidos, por exemplo, é crucial que ele seja realizado sem vazamentos, sem a corrosão dos equipamentos condutores e riscos de explosão. É preciso ter domínio de técnicas, é claro, mas também equipamentos próprios e calibrados, com manutenção em dia.

As empresas que tiverem coragem de investir e mudar suas práticas em prol do planeta terão como recompensa a consciência limpa e a manutenção de sua competitividade.

*Andreas Göhringer é conselheiro da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK-PR) e CEO da GEMÜ Válvulas, Sistemas de Medição e Controle no Brasil.