Políticas públicas, cultura de D&I e impactos positivos nas organizações foram os principais temas debatidos o longo do primeiro dia do Fórum Brasil-Alemanha de Diversidade e Inclusão, realizado pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo.
“Este é o primeiro Fórum Brasil-Alemanha de Diversidade e Inclusão realizado pela nossa Câmara e preparamos essas duas manhãs de evento com muito carinho, pensando em uma programação com muito conteúdo e aprendizado para vocês”, disse Nina Luise Garcia, Diretora de Assuntos Associativos da instituição.
Com o intuito de criar uma plataforma multiatores de discussão, o fórum reuniu especialistas da área de diversidade e inclusão para uma rica troca de experiências. A importância desse compartilhamento de boas práticas e engajamento no tema foi destacada por Manfredo Rübens, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e Presidente da BASF para a América do Sul, em seu discurso.
“As empresas e instituições precisam entender que Diversidade e Inclusão no ambiente de trabalho são premissas essenciais para o avanço da nossa sociedade. Mais necessário ainda é colocar em prática aquilo que comunicamos: que todas as pessoas são bem-vindas, terão oportunidades e serão incluídas no seu quadro de colaboradores”, destacou Rübens.
Convidada para mediar o primeiro painel da manhã, Iara Pereira, Coordenadora de Projetos de D&I da Transcendemos, fez uma apresentação sobre como criar uma estratégia com enfoque na captação e retenção de talentos diversos.
“O que não podemos medir, também não conseguiremos transformar. É essencial entender a empresa como parte do ecossistema social e o quanto ela pode refletir a sociedade. Além do olhar de captação e retenção de talentos, é preciso medir também a capacidade de gerar o sentimento de pertencimento. Assim, olhamos de forma completa a experiência profissional que estamos gerando ao longo da jornada do colaborador na empresa”, explicou.
O painel contou com a participação de Angelica Vitali, Managing Director na T Systems do Brasil; Flávia Ramos, HR Director & Diversity Head da Bayer; e Elineide de Castro, Gerente de RH e Head de Diversidade da Mercedes-Benz do Brasil.
Durante as discussões, as executivas compartilharam detalhes da estratégia de D&I de cada organização, seus desafios e conquistas.
Flávia Ramos foi enfática ao destacar que o primeiro passo é desenvolver uma cultura de inclusão. “Não adiantar só possuir clareza do que queremos e onde queremos chegar. Se a cultura não for inclusiva, não tem como implementar essa estratégia. Cultura e estratégia precisam estar muito alinhadas”, disse.
Angelica Vitali concordou e completou que a diversidade está diretamente relacionada ao potencial inovador das equipes. “Não tem inovação se todos pensam igual. É preciso trazer para o contexto da empresa pensamentos diferentes, novas perspectivas e experiências. E isso precisa ser colocado em prática, não basta estar no papel. Só aparência de diversidade não é sustentável a longo prazo.”
Entrando na reflexão a respeito de marcadores para as áreas de diversidade e inclusão, Elineide de Castro comentou a importância de compreender a subjetividade de algumas métricas relevantes. “Na nossa pesquisa de clima temos conseguido boas notas em perguntas como: “você indicaria a empresa para um familiar” ou “você tem um melhor amigo na empresa”. São indicadores simples, mas muito importantes para nós, para entender se o nosso colaborador se sente feliz e tem orgulho de fazer parte desse time”, contou.
Convidado a palestrar sobre o cenário de políticas públicas de D&I da Alemanha, Joseph Weiß, Cônsul Geral Adjunto em São Paulo, traçou um breve panorama sobre a situação de refugiados no país. “O acolhimento em massa de estrangeiros a partir do ano de 2015 deu às questões de políticas públicas na Alemanha uma nova dimensão. A Alemanha está no segundo lugar dos países que mais acolhem imigrantes. Atualmente, 27% da população tem um histórico de imigração e essa questão está em ascensão”, afirmou. Ele completou ainda que o país depende de imigração para atender a demanda de mão de obra qualificada.
Raissa Monteiro Saré, Coordenadora de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos de São Paulo, por sua vez, foi a convidada para palestrar sobre as políticas públicas de D&I no Brasil. Compartilhando estatísticas sobre os principais grupos minoritários, ela ressaltou a necessidade de potenciar os debates sobre o tema. “Como poder público precisamos pensar em políticas que abordem como resolvemos os problemas hoje, mas também criando estratégias a longo prazo.”
A última sessão do primeiro dia de fórum teve como palestrante Scarlett Rodrigues, Coordenadora de Projetos em Direitos Humanos do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. “Tudo aquilo que não se encaixa no padrão homem, branco, heterossexual e cisgênero é visto como ruim, e por isso são minorias marginalizadas. É preciso juntar todos os atores sociais para construir práticas, políticas e ações que transformem esse cenário de desigualdade. É preciso pensar no hoje, ou não teremos um amanhã. Não precisamos apenas de inclusão, mas de desenvolvimento”, concluiu.
Os debates do Fórum estão disponíveis no canal da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo no Youtube. Clique aqui para assistir.