A busca pela energia do futuro não começou ontem: com a transição energética, as energias renováveis já recebem investimentos e seus usos são expandidos há alguns anos. Na Baviera, em particular, outras fontes alternativas de energia estão em ascensão e a tecnologia do hidrogênio é uma grande esperança. O Estado Livre da Baviera aposta alto nessa geração de energia – e continuará a fazê-lo para ser um pioneiro na área no longo prazo.
A nova estratégia de hidrogênio para a Baviera estabelece a base decisiva para esse objetivo. “O futuro começa hoje e não daqui a alguns anos”, afirmou o Ministro da Economia da Baviera, Hubert Aiwanger.
Parte da estratégia do hidrogênio do estado é o recém-fundado Center for Hydrogen Bavaria (H2.B), que está localizado diretamente no Energie Campus Nürnberg (EnCN), uma associação cooperativa de institutos científicos parceiros na área de pesquisa energética. Ao mesmo tempo, 35 institutos de pesquisa, empresas e representantes de municípios da cidade de Nuremberg se uniram para formar a Aliança Bávara de Hidrogênio, com o objetivo de desenvolver ainda mais a tecnologia do hidrogênio no Estado Livre com uma base interdisciplinar. Atualmente, o Centro conta com 208 instituições envolvidas em seus projetos. O objetivo é que a Bavaria se torne o líder mundial de mercado nesta área – uma meta grande para a qual o rumo já foi traçado.
- Como é a estratégia do hidrogênio da Bavária?
O Estado Livre da Baviera provou que seu foco é a promoção de tecnologias de hidrogênio: até o momento 65 milhões de euros já foram escoados para projetos nessa área. Segundo o Ministro Aiwanger essas inovações ajudarão na preservação do meio ambiente, assim como serão responsáveis pela criação de novos empregos na indústria automotiva às startups. Os três pilares dessa estratégia dizem respeito a:
- Liderança em inovação e tecnologia
Com a iniciativa de pesquisa H2 Hightech Bavaria, as competências disponíveis em toda a Baviera devem ser fortalecidas por meio das parcerias e trabalho em conjunto com o objetivo de explorar e expandir potenciais de mercado globalmente.
- Escala industrial e rentabilidade
Aqui empresas e instituições de pesquisa promovem o desenvolvimento industrial a partir de centros de pesquisa, de testes e de usabilidade. Ponto forte é a conexão com a cadeia de fornecedores fortemente representada na Baviera.
- Expansão da infraestrutura H2, bem como aplicações na mobilidade e na indústria
Serão disponibilizados 50 milhões de euros para a construção de postos de abastecimento públicos e empresariais H2 para carros, caminhões e veículos comerciais a células de combustível.
O transporte na Baviera também deve prosperar já que ônibus do transporte público e caminhões movidos a células de combustível estão no foco da estratégia. Para isso fornecedores, montadoras e postos de gasolina devem trabalhar juntos para atingir as metas do governo estadual. Para a indústria automotiva isso representa uma oportunidade, pois todo o conhecimento adquirido poderá ser aproveitado, em uma segunda etapa, para o desenvolvimento de carros com células a combustível. O primeiro sucesso, porém, já é concreto: o primeiro caminhão com acionamento por célula de combustível deve pegar a estrada até o final de 2021, por meio de uma cooperação entre as empresas Quantron e Freundenberg.
Importante lembrar que é o hidrogênio verde do exterior que deve suprir a demanda da Baviera. O estado livre não consegue produzir o condutor na escala que estudos preveem que será necessária para todas as mudanças planejadas. Entretanto, a Baviera oferece condições ideais para o desenvolvimento de soluções sistemáticas para o uso do hidrogênio verde – isso desde sua extração, até o armazenamento, seu transporte e, finalmente, sua utilização, seja na mobilidade ou na indústria. Os bávaros estão engajados em fazer a tecnologia de hidrogênio verde Made in Bavaria se tornar um selo de qualidade.
As universidades de Munique (Technische Universität München – TUM) e de Erlangen-Nuremberg (Friedrich-Alexander- Universität Erlangen-Nürnberg – FAU) também estão envolvidas nessa iniciativa e contribuem para o fortalecimento do H2 Hightech Bayern. A startup Hydrogenious Technologies da cidade de Erlangen, por exemplo, desenvolveu um sistema especial de armazenamento do hidrogênio de forma estável por meio de um procedimento chamado Liquid Organic Hydrogen Carrier (LOHC), ou seja, transportadores orgânicos líquidos de hidrogênio. Esses são compostos que podem absorver e liberar hidrogênio. Em Erlangen, a startup usa um óleo ao qual o hidrogênio está quimicamente ligado. O resultado é um líquido não tóxico, pouco inflamável com alta densidade de H2. Esse líquido pode ser transportado por dutos, tanques e caminhões-tanque da mesma forma que a gasolina. Ou seja, o procedimento de transporte por alta pressão que exige um espaço razoável e que pode facilitar uma explosão e acidentes – como aqueles que já presenciamos durante as aulas de química no ensino fundamental – pode pedir sua aposentadoria. Para a Hydrogenious o desenvolvimento do LOHC veio acompanhado de um investimento de 50 milhões de euros em uma rodada de negócios realizada nesse ano.
“O interesse dos investidores em participar da nossa empresa foi avassalador. Isso mostra como a nossa tecnologia proprietária de LOHC é reconhecida como o elo que faltava para o uso mundial de infraestruturas de hidrogênio sustentáveis. Somos vistos como vanguardistas das tecnologias-chave para uma rápida transição energética. Acreditamos firmemente que nossa solução LOHC não é apenas competitiva, mas superior a outros transportadores de hidrogênio, como hidrogênio líquido, hidrogênio comprimido e amônia. Junto com nossos parceiros, vamos tornar o transporte e o fornecimento de hidrogênio sustentável em grande escala uma realidade, a fim de descarbonizar a indústria e a mobilidade em todo o mundo”, comemorou o CEO e fundador da startup Dr. Daniel Teichmann.
A Baviera mostrou o que agora também está se tornando tangível em toda a Alemanha: o hidrogênio é um elemento importante no desenvolvimento de conceitos de energia e mobilidade sustentáveis. A combinação com energias renováveis e outras tecnologias orientadas para o futuro é a chave para o sucesso. Para criar a conexão entre o Brasil, potencial fornecedor do H2, e a Baviera, líder no mercado de tecnologia para esse elemento, as empresas brasileiras podem contar com o apoio da Representação do Estado da Baviera no Brasil.
“Temos orgulho de sempre colaborar com as novas parcerias de negócio e investimento entre ambos os blocos e estamos muito felizes em continuar apoiando um futuro cada vez mais sustentável”, afirmou a Representante do Estado da Baviera no Brasil, Dra. Claudia Bärmann Bernard.
*Essa matéria foi publicada originalmente na Revista BrasilAlemanha 2021. Para conferir este e outros textos na íntegra, faça o download da publicação aqui.