A promoção da educação profissional na transição para uma economia verde foi o tema principal do evento híbrido realizado na última quinta-feira (8). O encontro foi o primeiro de uma série a ser promovida anualmente pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) e a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), no âmbito do projeto “Profissionais do Futuro: Competências para a Economia Verde ” ao encargo do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ).
Responsável pela abertura do evento, o Diretor de Inovação e Sustentabilidade da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, Bruno Vath Zarpellon, transmitiu a mensagem que se tornaria o principal mote do encontro: pessoas são vetores da transformação. “Em qualquer processo de transição é necessário sensibilizar e capacitar pessoas para que o movimento aconteça. No caso da transição verde, isso não poderia ser diferente”, afirmou.
Dando início à programação do dia, o Diretor dos Institutos de Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Inovação em Materiais Avançados e Biotecnologia e de tecnologia em Química e Meio Ambiente, Carlos Coelho; o Pró-reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), Carlos Procópio; e Diretora do Projeto Profissionais do Futuro da Agência de Cooperação Brasil-Alemanha da GIZ, Julia Giebeler Santos, se reuniram para uma rodada de inicial de apresentação de projetos nos quais estão envolvidos.
“Educação profissional é o primeiro passo a ser dado para que tenhamos avanço na pauta de transição energética”, disse Coelho. O Instituto SENAI de Inovação em Biotecnologia, local onde o evento foi realizado, é uma unidade recém-inaugurada que oferece cursos técnicos nas áreas de biotecnologia e bioeconomia.
Em sua fala, Santos compartilhou detalhes sobre o projeto “Profissionais do Futuro: Competências para a Economia Verde” e ressaltou como a articulação entre diferentes atores pode beneficiar o setor produtivo e a sociedade civil. “Nós queremos avançar nos temas de energia e de economia circular para impulsionar a inovação e a transformação verde e digital, mas também temos um olhar sobre essas mudanças impactarão os nossos futuros profissionais”, explicou. A perspectiva para o grupo é positiva: um estudo encomendado pela European Climate Foundation à consultoria EY-Parthenon calcula que existem 13 mil projetos de energia renovável no mundo que já estão prontos para serem construídos, representando um potencial de gerar 10 milhões de empregos diretos ou na cadeia de fornecimento — sendo 600 mil deles somente no Brasil.
Para apresentar a perspectiva alemã da educação profissional na transição para uma economia verde, o evento contou com a participação da Pesquisadora Sênior do Instituto Federal Alemão para Formação Profissional (Bundesinstitut für Berufsbildung – BIBB), Dra. Hannelore Kress. O BIBB é o maior instituto voltado para educação não acadêmica. “As empresas estão criando conselhos de sustentabilidade para atender aos clientes que exigem práticas sustentáveis e os nossos estudantes estão sendo treinados para entender e aplicar essas ideias”, disse.
Durante o evento, Zarpellon apresentou os dados iniciais da pesquisa “Demandas por competências profissionais verdes”, desenvolvida pela Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo com empresas associadas da instituição. O mapeamento tem como objetivo compreender o cenário da educação profissional, tanto em relação a competências quanto ao desenvolvimento de projetos do setor produtivo brasileiro na transição para uma economia verde.
Ações práticas das empresas no que tange à transição para economia de baixo carbono foram discutidas em painel moderado pelo Diretor do Instituto SENAI de Inovação, Carlos Coelho, com participação da Consultora de Sustentabilidade da BASF para América do Sul, Ana Michi, e da Coordenadora de Sustentabilidade e Head da Fundação Siemens, Bianca Talassi.
Ao ser questionada sobre as competências necessárias para um profissional estar apto para este mercado, Michi destacou a importância da constante atualização e renovação. “O profissional que quer trabalhar nas áreas de sustentabilidade, economia de baixo carbono e inovação precisa se atualizar e renovar constantemente para acompanhar as novas tecnologias”, explicou.
As representantes debateram ainda iniciativas voltadas para a sustentabilidade não têm impacto apenas para as empresas. “Temos que ter consciência de que a economia verde é importante para a competitividade e a inovação do País. Investir nessas iniciativas se tornou também um compromisso público”, disse Talassi.
Como resumo do conteúdo abordado ao longo das palestras, Michi finalizou: “A educação transforma as pessoas e são as pessoas que mudam o mundo.”
Sobre o Profissionais do Futuro
O projeto, coordenado pelo Ministério da Educação e pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da GIZ, busca unir as expertises alemã e brasileira para implementar novos conteúdos e modernizar cursos profissionalizantes, com foco nas áreas de eficiência energética, bioeconomia, economia circular e a digitalização, como transversal às demais.
Com amplo conhecimento sobre as demandas do setor produtivo, o Ministério do Trabalho e Previdência também dá um suporte para a aproximação entre empresas e escolas. Essa conexão facilitará a contratação desses profissionais especializados.
Desde 2016, projetos bilaterais entre Brasil e Alemanha no âmbito da educação profissional já capacitaram mais de 800 docentes e foram responsáveis pela formação de mais de 7.000 profissionais. Com o “Profissionais do Futuro”, espera-se que esses resultados sejam ampliados para incluir outras competências relacionadas à economia verde.
O webinar está disponível no canal da Câmara Brasil-Alemanha no YouTube. Clique aqui para assistir.