Um dos temas mais debatidos nos últimos anos é a automação industrial, inserida no contexto da Internet das Coisas e da Inteligência Artificial, com outras palavras a famosa Indústria 4.0. O conceito, prevê a robotização de parte dos processos industriais, assim como, a implementação de equipamentos que visam auxiliar no aumento constante de produtividade.
Dentro disto, as discussões sobre esta temática, muitas vezes de maneira equivocada trata deste irremediável processo como prejudicial para os profissionais do setor industrial brasileiro, incitando o desemprego. No entanto, em uma análise mais coesa sobre o assunto e tendo como base, inclusive, as revoluções industriais anteriores, é possível perceber que a consequência não é esta.
“Ainda temos um longo caminho a trilhar. Industria 4.0 significa a automação total das empresas e, dos processos industriais e de tomadas de decisão em geral, sendo que aquelas bem avançadas ainda não estão 100% neste patamar conceitual. O diferencial de países com empresas mais automatizadas, como a Alemanha, para o Brasil é que eles estão mais abertos a investimentos em tecnologia, por isso estão mais avançados que nós. Porém, isso não quer dizer que não podemos chegar lá, pelo contrário nos dá muita oportunidade de crescimento no Brasil”, diz Mairon Anthero, Diretor da subsidiária brasileira da SCHUNK, empresa familiar alemã, líder competente em sistemas de garras e tecnologia de fixação.
O emprego e a Indústria 4.0
Dizer que a automatização dos processos industriais trará prejuízos aos trabalhadores, como desemprego é uma análise equivocada.
Como parâmetro para referência, basta retornar 30 anos no tempo. A introdução do computador na vida das pessoas acarretou os mesmos questionamentos atuais e, no final, o que o mundo experimentou foi uma comunicação mais assertiva com seus consumidores, decisões de escolha e de compra muito mais rápidas. Além disso, hoje o departamento de TI gera salários com grande valor agregado e tem possibilitado milhares de empregos nos últimos anos.
Quando o computador surgiu muitas pessoas acharam que ficariam sem empregos mas, muito pelo contrário, novas áreas e novos postos de trabalho foram abertos.
Segundo dados do estudo Mercado Brasileiro de Software e Serviços 2017, realizado pela ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) e pela IDC (International Data Corporation), o setor de TI no Brasil, movimentou US$39,6 bilhões de dólares em 2016, representando 2,1% do PIB brasileiro e 1,9% do total de investimentos de TI no mundo. Já estes investimentos pelo planeta cresceram em 2% e somaram US$ 2,03 trilhões, no mesmo ano.
O Gartner Group, maior instituto de pesquisas global na área de Tecnologia da Informação, apresentou índices positivos sobre o setor com uma projeção, por exemplo, de crescimento de 36%, para 2018, em um dos ramos do setor. Além disso, mostrou que o mercado tem estimativa de crescimento para 4% neste ano.
Conforme foi mostrado em pesquisa realizada pela Advance Consulting, empresa de consultoria e treinamento em negócios para as áreas de gestão, marketing, vendas e canais, o setor de TI, no terceiro trimestre de 2017, teve o menor índice de refração de faturamento, com 35% das empresas crescendo acima de 15%. E ainda relatou que o percentual de contratações aumentou entre 7% e 8%.
“Os números do setor de TI confirmam que os receios de trinta anos atrás eram equivocados e, agora, não podemos cometer o mesmo erro e atrasar nossa inevitável evolução de processos e sistemas”, diz Thales Cortez, Coordenador de Vendas da SCHUNK.
Mais importante que questionar se as pessoas perderam seus empregos, é perceber como os profissionais da atualidade podem se adequar a esta nova realidade. “Este é o momento que nossa cultura precisa se renovar. É necessário perceber que todos profissionais precisam se atualizar e estudar as novas tecnologias e tendências para estarem aptos, dia após dia, para esta mudança no mercado”, complementa.
Os números dessa nova realidade
Mais do que teorias, os dados são quem determinam como novos processos vão refletir nos mercados.
Segundo informações da Consultoria PwC Brasil, 30% dos empregos serão automatizados até 2030. Já a última previsão da Federação Internacional de Robótica (IFR), publicada no World Robotics Report, por todo o planeta haverá mais 1,4 milhões de robôs industriais e um total de 2,6 milhões de robôs em operações, até o próximo ano.
Hoje, nos grandes centros industriais (tanto produtores como exportadores), como o asiático e o europeu, o número de robôs já atinge um alto número. Sendo a Coréia, Japão e Alemanha os países com maior quantidade de equipamentos por cada 10 mil trabalhadores, sendo cerca 400, 350 e 300, respectivamente.
Os países mencionados são polos altamente produtivos, mas com baixa taxa de desemprego e isso deixa claro que a inserção de robôs equipamentos na indústria não tem nenhuma relação com o desemprego. E de uma maneira mais simplista, a automação diminui os custos de produção, que reduzem os preços, consequentemente aumentando a demanda dos produtos e, por sua vez, a quantidade de postos de trabalho.
Foto: Divulgação SCHUNK