A crise na América do Sul e a desvalorização do real repercutiram no balanço de várias empresas alemãs. Entre elas estão as firmas de cosméticos Wella e Beiersdorf (fabricante dos produtos Nivea), as últimas a registrarem queda de lucros pelo “efeito sul-americano”, no balanço do primeiro semestre que apresentaram esta semana.
Apesar das “turbulências” econômico-financeiras e monetárias, a América do Sul continua sendo um mercado atraente para as empresas alemãs, que investiram no continente muitos bilhões de dólares ao longo de várias décadas. Embora o volume de investimentos estrangeiros diretos tenha diminuído em 2002 – o chefe do Departamento Econômico do Banco Central do Brasil, Altamir Lopes, estimou seu montante, no mês de julho, em 800 milhões de dólares -, muitas empresas alemãs mantêm seus planos de continuar fazendo investimentos em suas subsidiárias brasileiras. Isso foi o que revelou uma pesquisa junto ao meio empresarial alemão, realizada pela agência de notícias DPA.
Alemães não temem “efeito dominó”
Enquanto a situação na Argentina é avaliada como “sombria”, o apoio do FMI ao Brasil contribuiu para que o país fosse considerado a caminho da recuperação. “No momento nós já não tememos um efeito dominó, isto é, que o crash financeiro da Argentina, passando pelo Uruguai, acabe atingindo o Brasil”, diz o presidente da Federação Alemã do Comércio Exterior, Anton Börner.
Sendo o Brasil o país latino-americano mais importante para o capital alemão, a crise de confiança no futuro de sua economia, com a proximidade das eleições, já se refletiu nas indústrias alemãs dos setores automobilístico, químico e metalúrgico.
Bem pior, segundo Börner, é o caso da Argentina, onde o colapso do sistema bancário e o grau de endividamento levaram a uma forte queda de importações e investimentos. O comércio com a América Latina, contudo, representa apenas 2% do comércio exterior da Alemanha, observa o líder empresarial.