A questão cambial e a alta taxa de juros são alguns dos principais desafios para o governo brasileiro no próximo ano, segundo a opinião de empresários. Para o presidente da IP Desenvolvimento Empresarial e Institucional, Ingo Plöger, “o Brasil terá de fazer ajustes orçamentários para reduzir as taxas de juros”. Ele afirmou, em um evento nesta quarta-feira (23) em São Paulo, que a nova presidente do País, Dilma Rousseff, deverá forçar a redução da SELIC .
O presidente da Siemens no Brasil, Adilson Primo, aponta que o problema da entrada expressiva de dólares na economia brasileira, que resulta na desvalorização da moeda, também está relacionado às elevadas taxas de juros. “Não adianta somente aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), tem que taxar tudo aquilo que não vem para o investimento produtivo do País”, avalia o executivo, referindo-se às medidas do governo que elevaram o tributo sobre as aplicações estrangeiras em renda fixa de 2% para 6%. Embora não veja um “cenário catastrófico” no próximo ano, Primo alerta para uma piora na situação dentro de dois anos, caso algumas medidas não sejam adotadas.
Um pouco mais pessimista, Plöger acredita que o crescimento da economia não deverá se manter nos mesmos patamares em 2011. Para esse ano, a previsão é de que o PIB brasileiro cresça de 6% a 7%. “Se o Brasil não elevar os gastos públicos, poderá duplicar o PIB em 10 anos”, disse Plöger no evento promovido pelo Club Transatlântico.
Ele também prevê uma desvalorização cambial generalizada e afirma que o Brasil irá reagir – “mas a intervenção cambial deve ter limites”, destaca. O agravamento da perda de competitividade devido aos concorrentes asiáticos e a falta de mão-de-obra especializada em setores como a engenharia ferroviária também despontam como desafios para o próximo ano.