Perspectivas do crescimento econômico para 2011

A economia brasileira deve ter crescido cerca de 8% em 2010, um dos melhores desempenhos anuais das últimas quatro décadas. Depois de uma queda de 0,6% em 2009, a economia brasileira colhe os efeitos das políticas macroeconômicas anticíclicas adotadas para o enfrentamento da crise internacional. As medidas e ações adotadas com firmeza pelo governo brasileiro, associadas a um firme posicionamento estratégico do setor privado, garantiram que o estrago provocado pela crise fosse amenizado e a saída mais rápida.


O governo garantiu a ampliação do crédito e financiamento dos bancos públicos para contrabalançar a retração das linhas dos bancos privados, o que supriu grande parte das necessidades do setor produtivo. Da mesma forma, medidas de desoneração tributária de produtos de consumo duráveis e de construção civil, entre outros, estimularam a demanda, o que também foi positivamente influenciado pela manutenção do grau de confiança dos consumidores. A expansão do emprego, da renda, e, conseqüentemente, da massa salarial provocaram o circulo virtuoso do crescimento.


As empresas, por sua vez, souberam diferenciar a necessidade de ajustes finos na sua tática de atuação, sem abrir mão das suas estratégias de longo prazo. Isso foi um fator determinante para que, embora adiados, os planos de investimentos fossem, na sua essência, mantidos.


                       


Mas, nem tudo são flores no caminho da economia brasileira. Os juros praticados na economia continuam os mais elevados do mundo, assim como há um nítido exagero na expansão dos gastos correntes do governo. Isso tem sido um dos fatores de valorização da taxa de câmbio, com conseqüências expressivas sobre a estrutura produtiva e o balanço de pagamentos.


A balança comercial brasileira tem se tornado cada vez mais dependente das commodities, cujo preço está sujeito às oscilações decorrentes da demanda, mas também da especulação no mercado internacional. Além disso, estes produtos tem baixo valor agregado, enquanto que a industria é fortemente afetada pelo aumento das importações e pelo desestimulo às exportações. Como conseqüência tem havido forte deterioração no saldo comercial de produtos industrializados, que foi positivo até 2006, mas que, desde então vem se deteriorando ano a ano, atingindo cerca de US$ 60 bilhões de déficit, em 2010 !


Todo este quadro aponta para a necessidade de correções de rumo na economia brasileira, o que fará com que haja uma diminuição no ritmo de crescimento. O mais provável é que a economia cresça por volta de 5% em 2011. Os primeiros sinais das mudanças qualitativas da política econômica são bastante bem vindas. Há uma percepção clara de que é preciso descentralizar as medidas de política monetária ainda fortemente respaldadas na taxa básica de juros elevada e ampliar o leque de instrumentos. Isso vai evitar a pressão sobre a valorização do real e o aumento do custo de financiamento da dívida pública. É preciso aprimorar a política cambial brasileira, fazendo uso de todas as ferramentas disponíveis, para o enfrentamento da “guerra cambial” internacional.


Há ainda medidas em curso para estimular o crédito e financiamento de longo prazo, algo crucial para suportar a demanda dos novos projetos, assim como das políticas de competitividade para fomentar a criação de novas competências da indústria brasileira.


SXC
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