Em 2010, a companhia alemã do setor químico Basf foi eleita a 2ª empresa mais inovadora do Brasil pela revista Época Negócios. O título é merecido, visto que, somente esse ano, sua unidade de Agronegócio anunciou o lançamento da primeira soja transgênica totalmente brasileira, patenteou uma nova cultura de trigo e inaugurou um laboratório destinado ao monitoramento de pragas no interior de São Paulo.
Globalmente, a empresa investe cerca de € 1,4 bilhões por ano em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Desse montante, aproximadamente 25% são destinados à área agrícola – uma das divisões da empresa com maior crescimento na América do Sul em termos de faturamento.
Uma nova doença, uma praga ou mesmo a necessidade de rotação de culturas são contínuos desafios para as pesquisas. O desenvolvimento de um novo produto agrícola, no entanto, é longo. Do início das pesquisas à inserção no mercado, leva-se, em média, 10 anos para a sua criação.
No Brasil, são mais de 200 pessoas alocadas em P&D na Unidade de Proteção de Cultivos da companhia. Somente na Estação Experimental que a divisão mantém há 30 anos na cidade de Santo Antônio da Posse, no interior de São Paulo, são 30 profissionais trabalhando em novos produtos e tropicalizando outros desenvolvidos em centros de pesquisa da Basf no exterior, ou seja, adaptando-os às condições locais. Agora, com o recém-lançado Laboratório de Monitoramento de Resistência e Pragas Urbanas, na mesma cidade, a empresa quer facilitar a criação das tecnologias e o monitoramento de suas aplicações, beneficiando tanto os pesquisadores locais quanto os produtores rurais. Leandro Martins, gerente de P&D da Unidade Agrícola da empresa, conta que apenas na Alemanha existe um laboratório similar.
Para fomentar a inovação na área de agricultura, a BASF América do Sul promove, desde 2006, um fórum anual, reunindo profissionais do agronegócio, estudantes e pesquisadores para apresentar novas soluções para o segmento – o Top Ciência. De acordo com Martins, duas patentes já resultaram desse prêmio: uma nova cultura de uva (2009) e outra de trigo (2010).
Safra com novidade
A partir da safra 2011/2012, a Basf entrará no mercado de transgênicos. A primeira soja geneticamente modificada desenvolvida no Brasil é fruto de uma parceria entre a companhia alemã e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O investimento para o desenvolvimento do sistema de produção da soja Cultivance foi de aproximadamente US$ 20 milhões e todo o processo levou cerca de 10 anos.
Mas a empresa prepara outra novidade para o mercado brasileiro. Em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a Basf está pesquisando uma nova variedade de cana-de-açúcar resistente à seca e com uma produtividade 25% maior do que a apresentada pelo produto comum.
“Uma cana-de-açúcar que contenha um gen mais tolerante à seca vai produzir mais álcool ou mais açúcar”, explica Martins.
A cana-de-açúcar geneticamente modificada deverá ser introduzida no mercado brasileiro até 2020.