Embora o mercado de trabalho alemão esteja novamente aquecido, 75% dos estrangeiros que terminam seus estudos no país acabam voltando para seus países de origem. De acordo com o Instituto de Economia de Colônia (IW Köln), eles deixam a Alemanha porque não encontram um emprego em sua área de formação no período determinado e perdem seus vistos.
No ano letivo 2009/2010, aproximadamente 245 mil estudantes de cerca de 200 nações estavam inscritos em universidades alemãs. A maior parte deles vinha da China (13%).
Em 2009, 21% dos 34 mil estrangeiros que se formaram no país eram de cursos de engenharia e outros 18% de matemática ou ciências naturais – as áreas que mais sofrem com a escassez de profissionais. No entanto, de acordo com o Serviço Acadêmico de Intercâmbio alemão (DAAD), apenas 4.820, cerca de 25% deles, ficaram na Alemanha após terminarem seus estudos. Países como Canadá, Bélgica e França, por exemplo, absorvem 75% dos seus recém-formados.
Desde a reforma dos vistos, em 2005, estudantes estrangeiros que se formam na Alemanha têm permissão para permanecer durante mais um ano e buscar um emprego na sua área de formação. Entretanto, segundo o IW Köln, nem todos os universitários conseguem realizar um estágio durante seu período de estudos e, por saírem da faculdade sem experiência prática, não conseguem encontrar uma colocação em tão pouco tempo.
A brasileira Karen Saes, que concluiu o bacharelado em Comunicação Social na Universidade de Munique, em 2010, não conseguiu uma colocação na área, mesmo tendo realizado estágios durante a faculdade. Ela desistiu de continuar procurando e voltou ao Brasil há dois meses.
“As empresas querem alguém que tenha um visto permanente ou pelo menos para um longo período. Mas a imigração só fornece um visto assim se a pessoa tiver um emprego na sua área e possa se sustentar sem depender do governo. É um círculo vicioso”, conta Karen, que já está empregada em uma organização alemã no Brasil.
O Instituto sugere que o governo alemão crie políticas que facilitem a realização de estágios para que os estudantes tenham a oportunidade de fazer contatos com potenciais empregadores antes de concluírem seus estudos. Fornecer meios para que os recém-formados estrangeiros consigam ficar no país seria uma maneira de assegurar mão-de-obra qualificada para o mercado de trabalho alemão.