Em sua visita ao Brasil no ano passado, o Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, lançou a ideia de fazer de 2013 o Ano da Alemanha no Brasil. Com o apoio do então presidente Lula, o projeto começou a ser discutido por importantes entidades e empresas alemãs no País e já está ganhando forma.
Nesta sexta-feira (18), chega a São Paulo o diretor mundial do Instituto Goethe, Klaus-Dieter Lehmann, para oficializar o Ano da Alemanha no Brasil. Como um dos membros do conselho consultivo responsável pela organização do projeto, ele também anunciará um convênio com empresas alemãs, no intuito de criar um fomento para as ações que seguem em 2013.
Graduado em Matemática e Física pela Universidade de Köln e Mainz, Lehmann tem uma longa atuação nas áreas científica e cultural. É membro da Academia de Ciências e Literatura de Mainz, da Academia de Ciências de Berlin-Brandenburg e, também, é membro emérito da Academia de Belas Artes da Baviera. Ocupa a presidência do Conselho Administrativo do Museu Germânico Nacional de Nurenbergue, entre outras atribuições, e está à frente do Instituto Goethe desde 2008.
Confira a entrevista de Lehmann ao BRASIL ALEMANHA NEWS sobre o Ano da Alemanha no Brasil.
BAN- Como será o Ano da Alemanha no Brasil e que tipo de ações serão realizadas?
Lehmann – O Ano da Alemanha no Brasil não terá o mesmo formato que o Ano da França no Brasil (2009). Nos últimos 20 anos, o Brasil, a Alemanha e o mundo inteiro sofreram grandes alterações. Chegou a hora de levar em consideração estas mudanças. O que nós oferecemos tem o mesmo valor do que aquilo que estamos dispostos a receber. Por isso, mostrar-se aberto frente ao outro é um elemento crucial. Não queremos uma explosão de eventos representativos da Alemanha e, sim, um momento de reflexão e cooperação para moldar a parceria bilateral para os próximos 20 anos – isto é válido para o meio científico, econômico, político e cultural.
BAN – Quais órgãos e empresas estarão envolvidos no Ano Alemanha no Brasil? Quem são os apoiadores?
Lehmann – Tanto o Instituto Goethe quanto os representantes do setor econômico podem, em parceria, iniciar processos, desenvolver alternativas e trocar conhecimentos, a partir dos quais será desenvolvido o projeto. A economia não atua num espaço livre da cultura e essa não é independente da economia. Nós juntamos as perspectivas. Neste contexto, o entendimento intercultural é indispensável.
Grandes empresas alemãs que atuam no mercado brasileiro participarão do projeto, como Allianz, Evonik-Degussa, Henkel, LanXess, Mercedes-Benz, Sixt, Volkswagen, BASF, Bamberg, Hamburg Süd, Roland Berger, Audi, Thyssen-Krupp, Merck, Hochtief, Siemens e Deutsche Bank, bem como órgãos de representação do país, como o Consulado Geral da República Federal da Alemanha e a Câmara de Comércio Brasil-Alemanha.
Para manter o diálogo e levar adiante este projeto, foi criado junto a estas empresas e o Instituto Goethe um grupo de trabalho que atuará como um Conselho Consultivo.
BAN – Como será a atuação desse Conselho Consultivo?
Lehmann – No âmbito do Conselho Consultivo serão decididos quais temas e aspectos despertam interesse em comum, economicamente e culturalmente. Isso se aplica, por exemplo, a temas como inovação, sustentabilidade e meio ambiente. Além disso, serão desenvolvidos projetos em parceria, interessantes para empresas e para as relações culturais entre Brasil e Alemanha.
BAN – Quais aspectos da relação Brasil-Alemanha serão explorados?
Lehmann – Queremos tratar de todos os aspectos de um futuro conjunto, olhando para o passado e analisando o presente. Isso passa por questões que envolvem sustentabilidade, mudanças climáticas e novas tecnologias que poderão ser desenvolvidas e usadas por ambos. O Brasil e a Alemanha podem ter um aprendizado conjunto muito produtivo!
BAN – Em 2010, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha divulgou novas diretrizes para a América Latina, com destaque para o Brasil. O Ano da Alemanha no Brasil está ligado a este posicionamento do governo alemão? Como o senhor avalia a importância do Brasil para a Alemanha, e vice-versa?
Lehmann – As relações entre Alemanha e Brasil têm uma longa tradição e também muita vitalidade atualmente, em todas as áreas. Em 2013, o Instituto Goethe completará seu cinquentenário no Brasil. E a primeira escola alemã a se instalar no País foi fundada há mais de 100 anos. Mas, para nós, o Brasil ainda é um interessante país do futuro e das oportunidades, com quem nós desejamos desenvolver parcerias.
Os dois países passaram por mudanças profundas nas últimas décadas. A Alemanha foi reunificada em 1990, o Brasil se tornou o centro do Novo Mundo. Para o Instituto Goethe, a cultura e o intercâmbio cultural têm um significado especial. Em um mundo globalizado, as especificidades de uma cultura e a sua capacidade de diálogo são essenciais.
Na nossa opinião, portanto, este será, mais do qualquer coisa, um ano da parceria germano-brasileira.