As grandes cidades só utilizam um terço do seu potencial de mobilidade urbana, concluiu o estudo ”Futuro da Mobilidade Urbana: Rumo às cidades em rede e multimodais de 2050". A análise feita pela empresa de consultoria em inovação, Arthur D. Little (ADL), avaliou a maturidade e o desempenho da mobilidade de 66 cidades em todo o mundo, utilizando uma pontuação de 0 a 100 para os indicadores.
A pesquisa considerou fatores como o número de carros compartilhados por habitante e a oferta de aluguel de bicicletas. Além disso, os pesquisadores avaliaram as estratégias de mobilidade urbana das cidades, o número de carros registrados por cidadão, a satisfação com o transporte público e tempo de deslocamento para o trabalho. A pontuação média ficou abaixo de 65, mostrando que a maioria das cidades ainda apresenta déficit no quesito mobilidade.
Hong Kong e Amsterdã, as duas únicas cidades que obtiveram mais de 80 pontos, ocuparam a primeira e segunda posição do ranking, enquanto somente outras oito alcançaram uma pontuação acima da média (mais de 75 pontos). Na parte inferior do espectro ficaram Atlanta e Teerã com 46,2 e 47,7 pontos, respectivamente.
Na Alemanha, Munique foi a única cidade com um resultado acima da média (76,2 pontos). A capital bávara também ficou na frente de Hamburgo e Berlim na comparação somente entre 14 grandes cidades alemãs. Colônia e Düsseldorf, por sua vez, ocuparam a penúltima e última posição dessa lista, respectivamente.
Já no Brasil, São Paulo, a única cidade brasileira presente no ranking mundial, ficou em 44ª posição, obtendo somente 59,7 pontos.
"Em 2050, 70% da população mundial viverá em cidades e a maioria dos sistemas de mobilidade urbana simplesmente não suportam este número. Nossa pesquisa e análise mostraram que existe uma ampla gama de soluções e tecnologias disponíveis para resolver os atuais desafios da mobilidade, mas a maioria dos sistemas de mobilidade urbana se mostrou hostil à inovação", disse Wilhelm Lerner, Parceiro de Estratégia e Organização da Arthur D. Little.
O estudo apresentou três princípios estratégicos, necessários para superar os desafios da mobilidade e para implementação de acordo com a localização e maturidade da cidade. Uma das estratégias seria a interligação do sistema em rede em países desenvolvidos, fornecendo assim um ponto de acesso único para a cadeia de valor da viagem para promover o transporte multimodal.
Os outros dois imperativos são o replanejamento fundamental dos sistemas de mobilidade, visando torná-los mais orientados ao público e à sustentabilidade e por fim, o estabelecimento de uma estrutura sustentável para cidades em países emergentes, que satisfaça as demandas de curto prazo com um custo razoável sem a necessidade de grande remodelamento posterior.