Usina transforma podas de cajueiro em eletricidade


Um projeto desenvolvido por pesquisadores do Ceará em parceria com a Universidade de Brandenburg, na Alemanha, pretende utilizar a poda de cajueiros para gerar energia elétrica.



Segundo o engenheiro e professor Ésio Santos, um dos inventores da tecnologia, o interesse pelo assunto começou em 1997, ao estudar os potenciais caloríficos das madeiras de árvores do semiárido do Nordeste.



Por sua abundância na região nordeste do País e por dar frutos durante quatro meses do ano, Santos chegou à conclusão de que o cajueiro seria a melhor alternativa para alimentar uma termelétrica.



A tecnologia já foi patenteada pela Agência Alemã de Energia (Deutsche Energie-Agentur GmbH) e pelo Instituto Alemão para Normatização (Deutsches Institut für Normung e.V.), e em 2006, com o objetivo de avaliar a eficiência do projeto, foi instalada uma unidade de testes na Alemanha, que funciona à base de madeiras e raízes de árvores da região de Sellesen.



A termelétrica à base de caju poderá produzir até 5 megawatts por hora, energia capaz de abastecer o consumo mensal de 1.500 casas rurais. Nas indústrias, a eletricidade será utilizada para cozer a casca de caju para a extração da amêndoa, que é a parte comercializada.



Além disso, a planta da usina foi projetada para funcionar em associação a uma unidade de biogás, produzido a partir do aproveitamento do bagaço da “carne” do caju. Este biogás pode ser usado na indústria de sucos, polpas e concentrados do caju, e seu subproduto do processo de geração de energia pode ser usado como biofertilizante orgânico.

Investimentos



A previsão é que a instalação da termelétrica receba investimentos de R$ 20 milhões. De acordo com o Instituto Industrial de Desenvolvimento do Ceará, empresas cearenses já demonstram interesse para implantar a tecnologia.



Ainda, a equipe responsável por desenvolver o projeto declarou que os equipamentos e toda a instalação das usinas sejam feitas no Ceará, e que as empresas estão se capacitando rapidamente para atender a demanda.



Cajucultura



A cadeia de cultivo e negócios do caju concentra-se no Nordeste, contando com 195 mil produtores e 700 mil hectares de área plantada. O Ceará é o maior produtor de caju, com 300 mil hectares de cultivo.



O pesquisador Ésio Santos defende que a usina irá propiciar uma integração antes inexistente na cadeia produtiva do caju, envolvendo os agricultores que trabalham com o beneficiamento da castanha, a poda e a polpa do caju e as indústrias do setor.

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