Para apoiar a produção sustentável do cacau e conquistar melhores condições para seus produtores, a Alemanha, um dos principais importadores mundiais do fruto, anunciou a criação do Fórum do Cacau Sustentável (Forum Nachhaltiger Kakao, em alemão).
A iniciativa do ministério alemão da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) quer conectar todos os atuantes da indústria do cacau, como produtores, comerciantes e processadores de cacau, além de representantes da indústria de confeitaria, organizações internacionais, companhias de alimentos, ONGs, sociedade civil, cientistas e pesquisadores.
"As questões sociais e ambientais são importantes para o consumidor. Estamos muito satisfeitos com a disposição de todos os principais intervenientes do setor em trazer a sua experiência de forma construtiva e cooperar com todo o processo. Produção sustentável é um sinal de qualidade também para a indústria que processa o cacau que chega ao cliente", disse a Ministra da Agricultura alemã, Ilse Aigner.
Uma das principais metas do Fórum é incentivar o combate ao trabalho infantil nas plantações de cacau dos principais países exportadores: Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Camarão e Togo. Segundo um levantamento de 2009 do Centro Payson da Universidade de Tulane, Estados Unidos, 250 mil crianças trabalham no cultivo do fruto na Costa do Marfim e outras 250 mil em Gana.
A plataforma também quer servir de base para ações individuais de apoio à produção sustentável do cacau, em aspectos econômicos, ecológicos e sociais. Para isso, uma de suas tarefas é ampliar a formação dos trabalhadores rurais do segmento. “Com medidas pontuais de educação e conhecimento, seria possível dobrar ou até triplicar as safras e também a renda dos produtores”, explica Torben Erbrath, diretor da Federação da Indústria Alemã de Doces (BDSI, sigla em alemão).
Segundo estatísticas, 10% da safra mundial de cacau são destinados à Alemanha e cada alemão consome por ano 11 kg de chocolate.
Cerca de seis milhões de pequenos agricultores da América Latina, sudeste asiático e África respondem por 90% da produção mundial de cacau, e 70% do que é comercializado mundialmente são provenientes da África Ocidental.
A Federação da Indústria Alemã de Doces (BDSI, sigla em alemão) e a Federação do Comércio Alimentício Alemão (BVL) são responsáveis por metade do financiamento do fórum, enquanto a outra metade é disponibilizada pelo governo alemão. A Agência Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ) ficará encarregada da gestão.
Caminhos para a produção sustentável
Uma recomendação da BDSI estipula que seus membros aumentem a proporção de cacau importado produzido de modo sustentável para 50% até 2020 e para 70% em 2025.
Para isso, os participantes do Fórum do Cacau Sustentável acreditam que uma certificação padronizada possa auxiliar no controle desse tipo de produção e impulsionar a exigência no mercado.
Torben Erbrath, da BDSI, pretende levar à discussão a proposta de unificar os processos de certificação ambiental com normas europeias.
Atualmente, há três principais certificadoras que conferem o selo às mercadorias produzidas de acordo com padrões ecológicos e sociais: a Fairtrade Labelling Organizations International (FLO), a Rainforest Alliance e a Utz Certified.