Os horizontes das relações e possibilidades de parcerias entre o Brasil e a Alemanha na área da saúde são amplos. Nesse contexto, renomados peritos em biomedicina, gestão da saúde e tecnologias médicas de ambos os países se reuniram na quarta-feira (23) para debater os aspectos do intercâmbio entre as duas nações e como cada uma pode se beneficiar dele. O simpósio, que aconteceu em um dos auditórios da Hospitalar, maior feira especializada do ramo da saúde nas Américas, realizada em São Paulo, destacou principalmente as grandes possibilidades que surgem na integração entre experiências práticas brasileiras e novas tecnologias alemãs.
Participaram das discussões o superintendente de Sustentabilidade Social do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (São Paulo), Mauro Medeiros Borges, a Secretária Municipal de Saúde e Defesa Civil da cidade do Rio de Janeiro, Salete Rêgo, Tilo Mandry, do Departamento de Saúde da iniciativa Made in Germany”, o diretor comercial da divisão Aesculap, dos Laboratórios B. Braun, Thomas Kraft, o representante do Centro Alemão para Pesquisa de Câncer (DKFZ, na sigla em alemão) Matthias Baumhauer e o representante do Instituto Central de Engenharia Médica (ZiMT, na sigla em alemão) da Universidade Friedrich-Alexander, de Erlangen, na Alemanha, Tobias Zobel.
A Alemanha tem, em seu portfólio, o desenvolvimento de ponta de técnicas e equipamentos em telemedicina, oncologia, processos de qualidade, diretrizes técnicas, novas tecnologias e produtos da área médica em geral. O Brasil, por sua vez, reúne características demográficas que favorecem e demandam a aplicação em massa de muitas soluções alemãs. A experiência brasileira com inúmeras doenças e seus impactos sobre a população é apontada pelos especialistas como fundamental no intercâmbio com a comunidade científica e as empresas de tecnologia em saúde alemãs. “Vejo muitas possibilidades na parceria Brasil-Alemanha. Temos muita experiência na área da saúde e a Alemanha possui o desenvolvimento tecnológico de ponta que precisamos”, diz Salete Rêgo.
Para estabelecer a ponte entre os dois lados, os governos brasileiro e alemão empreendem esforços no sentido de aproximar centros de excelência em pesquisa, empresas e órgãos públicos. “Os brasileiros têm habilidades específicas em muitas áreas da saúde e experiência avançada com muitas doenças. Temos muitas oportunidades de aprender com eles. A Siemens, por exemplo, é uma de nossas parceiras e atua no mercado brasileiro há muitos anos, conhece bem o país e nos ajuda nessa integração”, afirma Matthias Baumhauer. Para Thomas Kraft, conhecer as características do Brasil é fundamental para fazer valer todas as possibilidades que a relação com a Alemanha tem a oferecer. “O intercâmbio só dá certo se entendermos bem o país e suas diferenças internas”, afirma.
Preferência pela Alemanha e desafios da parceria
No mundo globalizado, as diferenças entre os produtos da área médica oferecidos pelos diversos países vão sendo reduzidas e a qualidade passa a ser palavra de ordem em todos mercados, à frente de qualquer outro aspecto. No entanto, os participantes do simpósio apontam como diferenciais a liderança dos alemães e o bom custo-benefício dos produtos e soluções por eles oferecidos “O mercado mundial vem provendo produtos de qualidade equiparável com o que é oferecido pela Alemanha, porém, as soluções alemãs tem mais inovação. Além disso, os produtos têm um histórico de melhoria contínua após o seu lançamento, o que é extremamente vantajoso”, aponta Salete. “Nos últimos anos, a Alemanha vem conseguindo oferecer o melhor custo-benefício frente aos concorrentes de outros países”, explica Tilo Mandry.
Para Mauro Borges, a qualidade do produto alemão é incontestável. Segundo ele, o único entrave no mercado de saúde continua sendo o preço dos equipamentos, embora ele acredite que, ainda assim, a escolha do melhor parceiro recairia sobre o país. “O sistema de saúde, tanto do Brasil quanto da Alemanha, tem muitos problemas, sobretudo relativos a custos, que é uma questão global. A troca de experiências e tecnologias, a cooperação internacional e a parceria entre os dois países ajudam a minimizar isso”, analisa Thomas Kraft.
Uma questão que preocupa e se mostra como um grande desafio para a consolidação e ampliação da atuação alemã na área médica do Brasil são as condições práticas que o País oferece para que isso aconteça. “Nessa parceria, de um lado, está a tecnologia de ponta da Alemanha, do outro, o interesse e necessidade do Brasil, mas entre eles permanece ainda a atrasada infraestrutura brasileira”, aponta Kraft.
Salete Rêgo destacou ainda o fato de o Brasil produzir conhecimento acadêmico, mas ser pouco efetivo na realização do que é proposto. “Temos muitos artigos e estudos em biomedicina sendo feitos no Brasil, com grande excelência. O desenvolvimento prático, entretanto, ainda é incipiente”, diz.
Alemanha na Hospitalar 2012
No pavilhão verde da feira, vários países e regiões concentraram estandes para apresentar suas mais novas soluções em medicina e áreas correlatas. A Alemanha tem o seu bloco próprio, mostrando o que de melhor o país tem a oferecer para o setor.
A Hospitalar vai até esta sexta-feira (25), no Expo Center Norte, na capital paulista. Para mais informações, clique aqui e acesse o site do evento.