Além das fronteiras, dos idiomas e das diferenças culturais, as opiniões dividem hoje, mais do que nunca, os países da União Europeia. A pesquisa "European Unity on the Rocks, Greeks and Germans at Polar Opposites" – algo como “A unidade europeia sobre rochas: gregos e alemães em polos opostos” – divulgou dados que mostram posições bem distintas entre os países quando o assunto é a crise econômica. O estudo entrevistou 9.108 pessoas entre 17 de março e 16 de abril.
A Alemanha foi o único país onde a maioria da população (59%) acha que a nação foi beneficiada pela integração ao bloco. Os gregos, na outra ponta, declaram que esse aspecto feriu sua economia e apenas 30% concordam que a União Europeia foi benéfica. A média geral dos outros países pesquisados, França, Inglaterra, Espanha, Itália, Polônia e República Tcheca, ficou em 34%.
A Grécia se vê como o povo mais trabalhador, ao contrário do que pensam os outros países, que apontam os alemães como tal. Os ingleses, franceses e alemães não enxergam altos níveis de corrupção em sua política, e indicam a Itália e a Espanha como os países mais corruptos do grupo. Os gregos, italianos e espanhóis são vistos como os povos mais preguiçosos por Alemanha, França e Inglaterra.
A maioria dos entrevistados concedeu a seus próprios governos notas baixas, com exceção dos alemães. Angela Merkel tem 80% de aprovação em seu próprio país e o apoio da população dos demais países em relação à sua política de governo, com exceção da Grécia, onde 86% dos entrevistados criticam a posição da Alemanha.
Dos habitantes dos países que fazem parte da zona do euro, apenas 37% consideram a moeda única como algo positivo. Apesar disso, é consenso a manutenção do euro em todos eles. Aqueles que não aderiram ao plano monetário, no caso de Inglaterra, Polônia e República Tcheca, se mostram felizes por permanecerem com a Libra, o Zlóti e a Coroa Tcheca, respectivamente. Os ingleses, entre eles, são os mais satisfeitos com a sua moeda: 73%.
O livre comércio parece ser bandeira levantada apenas pela Alemanha, onde desde 2007 o apoio a esse modelo mercantil cresceu 4%. Na Espanha, por exemplo, caiu 20%, e na Itália, 23%.
As opiniões sobre o Banco Central Europeu, no entanto, parecem ser compartilhadas por todos – incluindo a Alemanha. Apenas 39% dos entrevistados tem uma visão positiva sobre a instituição financeira.
Quanto à culpa pela crise econômica, os europeus se dividem ainda mais. Gregos, italianos, poloneses e tchecos culpam seus próprios governos. Franceses e espanhóis culpam os bancos e outras importantes instituições financeiras. Britânicos e alemães culpam ambos. Nenhum europeu sequer cita a influência americana.