O preço do barril do petróleo Brent, uma classificação de petróleo cru, deve ultrapassar os $125 dólares registrados em março deste ano, uma alta considerável em comparação com os $110,80 de 2011. Isso é o que constata um relatório atualizado com números e artigos de conjuntura econômica, dando um overview da crise mundial, publicado por Marie-France Raynaud, economista e pesquisadora do departamento de risco-país do grupo Coface e Pierre Paganelli, assessor de risco-país.
O atual cenário econômico pode levar os preços do petróleo Brent a atingirem o patamar de $200 dólares: a “Primavera Árabe” no Oriente Médio e as reviravoltas que ela tem causado na política dos países muçulmanos pode ser o gatilho que estava faltando para que essa previsão extrema se torne realidade. Num cenário intermediário, o barril chegaria a $150 dólares, o que provocaria um efeito diferenciado nos EUA, Japão, Europa e países emergentes.
Nas nações produtoras de petróleo, o preço estipulado estacionou nos $100 dólares por barril, o que acaba equilibrando um pouco a sua cotação. A demanda pelo óleo teve aumento nos países emergentes, mesmo com o crescimento econômico estacionado em regiões desenvolvidas. Na China, por exemplo, a demanda por petróleo aumentou 19% em comparação com os 16% dos países do bloco europeu.
Uma das razões que impulsionaram os altos preços do barril inclui a queda de produção de petróleo de países como o Iêmen, Sudão, assim como Canadá, Estados Unidos e Reino Unido. Estes dois últimos, mesmo recuperando seu ritmo de produção, ainda não devem conseguir contornar o desfalque de 600,000 barris/dia por conta do déficit de produção dos outros três países.
Além disso, a falta de petróleo no mercado também é afetada pelas medidas tomadas pelo governo norte-americano, em vigor desde 17 de março, para que 11 Estados reduzam sua dependência de Teerã como fornecedor de petróleo, incluindo países do bloco europeu e Japão.
Os níveis de reservas de petróleo dos membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também é o mais baixo registrado nos últimos cinco anos. Em janeiro deste ano, o volume total estagnou em 2.61 bilhões de barris, ficando pelo sétimo mês consecutivo abaixo da média registrada desde 2007.
Os países da OPEC (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) sentem os efeitos negativos das baixas reservas de petróleo: em fevereiro, a média caiu para 1.9 milhões de barris/dia, contra os 4.7 milhões registrados em 2011. Um dos Estados que pode ajudar a baixar os preços do petróleo é a Arábia Saudita. Para isso, o país, que já tinha anunciado a intenção de aumentar sua produção de 10 para 12.5 milhões de barris/dia, precisa ser realmente capaz de produzir mais para aliviar o desequilíbrio de oferta e demanda atual e, ao mesmo tempo, aumentar suas margens de produção levando em consideração o contexto do risco geopolítico elevado.
De acordo com o relatório, a crise iraniana e seus desdobramentos deixam um cenário incerto para a alta futura do petróleo – ainda mais por conta de um relatório da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), divulgado em novembro do ano passado, que intensificou a tensão entre Israel e Irã por conta de seu programa nuclear.
O mais provável é que os preços do barril de óleo cru cheguem a $120 dólares, levando em conta as negociações entre os membros do Conselho de Segurança da ONU e da Alemanha. Os impactos sobre a economia mundial diante de um cenário intermediário a esse afetariam menos os Estados Unidos e alguns países emergentes, do que nações do leste europeu e a Argentina, já que as importações no setor energético correspondem a 4,5% do PIB europeu, contra 3% do PIB norte-americano.