ONU lança indicador que vai além do PIB


“A fixação do mundo no crescimento econômico ignora um esgotamento rápido e em grande parte irreversível dos recursos naturais que irá prejudicar seriamente as gerações futuras”. A afirmação está presente no comunicado do PNUMA, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, sobre o novo indicador que propôs para avaliar o desenvolvimento das nações, o Índice de Riqueza Inclusiva (IRI).



Segundo a entidade, “o IRI vai além dos parâmetros econômicos e de desenvolvimento tradicionais do Produto Interno Bruto (PIB) e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para incluir uma ampla gama de ativos como o capital manufaturado, humano e natural, e mostra aos governos a verdadeira situação da riqueza das suas nações e a sustentabilidade de seu crescimento”. Lançado neste domingo (17) durante a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável), o índice foi desenvolvido em conjunto pelo PNUMA e pela Universidade das Nações Unidas.



No relatório inicial, foram avaliadas as mudanças na riqueza inclusiva em 20 países, que juntos representam quase três quartos do PIB mundial, de 1990 a 2008. No ranking resultante, o Brasil ficou com o 5º maior IRI  –  empatado com Índia, Japão e Reino Unido  –  atrás de Chile (4º), França (3º), Alemanha (2º) e China (1º). O relatório deverá ser produzido a cada dois anos.



O comunicado do PNUMA ressalta que, apesar de registrar crescimento do PIB, China, Estados Unidos, África do Sul e Brasil aparecem como tendo esgotado significativamente seu capital de base natural, a soma de um conjunto de recursos renováveis e não renováveis, como combustíveis fósseis, florestas e pesca. Durante o período avaliado, os recursos naturais per capita diminuíram em 33% na África do Sul, 25% no Brasil, 20% nos Estados Unidos e 17% na China. Das nações pesquisadas, somente o Japão não sofreu diminuição do capital natural, devido a um aumento da cobertura florestal.



É interessante observar que, se medido pelo PIB, que é o indicador mais comum para a produção econômica, as economias da China, Estados Unidos, Brasil e África do Sul cresceram respectivamente 422%, 37%, 31% e 24% entre 1990 e 2008. No entanto, quando seu desempenho é avaliado pelo IRI, as economias chinesas e brasileiras aumentaram apenas 45% e 18%, os Estados Unidos cresceram apenas 13%, enquanto a África do Sul teve um decréscimo real de 1%.



“A Rio+20 é uma oportunidade para abandonar o Produto Interno Bruto como medida de prosperidade no século 21 e como barômetro de uma transição para uma economia verde inclusiva, pois não serve para medir o bem-estar humano, ou seja, as muitas questões sociais e a situação dos recursos naturais de uma nação”, afirma o subsecretário geral e diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner. “O IRI faz parte de uma gama de potenciais indicadores substitutos que líderes mundiais podem levar em conta como uma forma mais precisa de avaliar a geração de riqueza para concretizar o desenvolvimento sustentável e erradicar a pobreza”, completa.

SXC
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