De acordo com um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a internacionalização de empresas de seis países em desenvolvimento apresentou um crescimento de 10,5% nos últimos 20 anos. Em 1990, esse índice era de 7% e passou para 17,5% em 2010.
Foram analisadas as estratégias de internacionalização da África do Sul, da China, da Coreia do Sul, da Espanha, da Malásia e da Rússia, incluindo linhas de crédito, taxas de juros subsidiadas, serviços de apoio (consultorias, feiras, fóruns) e cursos para melhoria de capacitação de pessoal.
Uma das conclusões do instituto é que as políticas públicas de fomento foram essenciais para possibilitar a expansão do investimento direto externo (IDE). O Ipea também considera que essa expansão aprofunda a competitividade das companhias e estimula a capacitação técnica e de recursos humanos.
“As políticas públicas assumem um papel central para as empresas que buscam realizar investimentos no exterior, tendo em vista os elevados riscos envolvidos nessas operações, bem como a necessidade de informações precisas e de montantes de recursos relevantes”, ressalta o documento.
A Ásia em desenvolvimento, liderada pela China, representa 70% dos fluxos de investimento direto externo recebidos pelas nações em crescimento econômico na última década. Já a América Latina é responsável por 29% e a África por 1,6%, segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
No entanto, a movimentação mais intensa de recursos ocorre na Espanha, com 3,23% de participação no IDE mundial e, dos seis países analisados, somente a China e a Malásia não têm os Estados Unidos ou a Europa como destinos principais, apresentando um IDE voltado para a região asiática.
Estratégias pelo mundo
Na África do Sul, de acordo com a Unctad, foram assinados 39 acordos bilaterais de investimentos entre 1994 e 2011, motivados principalmente pela proteção recíproca ao investimento.
Na China, para encorajar as empresas a instalarem parques industriais em outros países, o governo implanta um mecanismo chamado one stop point, no qual os clientes têm acesso a serviços de vários ministérios e instituições governamentais.
Outra medida observada na Coreia do Sul é o apoio financeiro, que pode chegar a 90% do total investido no exterior, além de incentivos para projetos que assegurem o acesso aos recursos naturais. Na Rússia, embora não exista um conjunto de políticas, algumas ações repercutem na internacionalização das empresas, como o maior envolvimento estatal no setor energético do país.
As estratégias avaliadas pelo Ipea servem como exemplo para propor políticas que ampliem o número de empresas brasileiras no exterior. “A análise de experiências internacionais oferece uma ampla gama de opções e ideias, as quais podem ser avaliadas pelos gestores públicos de forma complementar às políticas públicas em execução, de modo a favorecer a expansão de empresas brasileiras no mercado internacional”, assinala o documento.