BIS alerta para endividamento excessivo no Brasil

O BIS (sigla em inglês para Banco para Compensações Internacionais) alertou que a expansão do fornecimento de crédito como medida de promoção do crescimento econômico do País é insustentável. A declaração ocorreu durante uma reunião dos Bancos Centrais de todo o mundo, realizada nos dias 22 e 23 de junho, na Basileia, Suíça.

O 82º Informe Anual da instituição aponta uma desaceleração acentuada na economia nacional e diz que há a necessidade de agir com urgência para mudar o direcionamento das ações voltadas ao crescimento. Isso porque, de acordo com o documento, o endividamento das famílias e das empresas brasileiras se encontra em nível perigoso, pelo descompasso entre o crescimento de crédito e a expansão da economia, podendo causar um boom imobiliário com repercussões negativas no futuro.

Segundo o BIS, a preocupação com o modelo brasileiro de desenvolvimento é pertinente, pois o País registrou em três anos a quinta maior expansão em créditos do mundo. Ainda, o crescimento médio nacional de 13% foi três vezes superior ao aumento do Produto Interno Bruto (PIB). Para o BIS, qualquer taxa que seja seis pontos porcentuais acima da expansão do PIB é considerada insustentável.

Preocupações do BIS

Com a diferença entre a expansão de crédito e do PIB nos países emergentes – responsáveis por 75% do crescimento global nos últimos quatro anos – em níveis acima da tendência histórica, o Banco Central dos bancos centrais acredita que esse grupo de nações poderia conduzir a economia global a uma nova crise financeira potencialmente pior que a de 2008.

Nesse contexto, o BIS alertou os países emergentes contra o seu modelo de crescimento, que, se não passar por mudanças drásticas, verão a explosão de bolhas em distintos segmentos, com repercussão global. Segundo a instituição, essas economias "enfrentam o risco de experimentar sua própria versão do ciclo de expansão e estouro" e para que isso não aconteça, devem reformar seus modelos de crescimento, abandonando a dependência de crédito e apostando em fontes domésticas de expansão.

Além disso, o BIS fez uma advertência para os países ricos durante o encontro, apontando que a injeção de trilhões de dólares na economia inunda de forma perigosa os emergentes. “Isso cria riscos nos emergentes similares aos que foram vistos nas economias avançadas nos anos que precederam à crise."

O presidente do BC brasileiro, Alexandre Tombini, esteve presente na reunião, porém não deu declarações à imprensa.

 

SXC
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