Indústria brasileira opera em seu menor nível


A indústria brasileira operou em maio com somente 80,7% da sua capacidade instalada – 0,3 ponto percentual a menos frente a abril – descontados os fatores sazonais. Essa percentagem equivale ao menor nível de utilização da capacidade instalada (UCI) do setor, conforme revela a pesquisa "Indicadores Industriais", da Confederação Nacional da Indústria (CNI).


De acordo com o documento, pelo quarto mês consecutivo cresce a diferença entre a capacidade de produção e a produção efetiva das empresas, com uma queda acumulada da UCI em 1,4 pontos percentuais desde janeiro. “A indústria está trabalhando com ociosidade crescente”, ressaltou o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.


A retração atingiu a maioria dos setores industriais, sendo as maiores quedas registradas na indústria de equipamentos de transporte (-5,8 pontos percentuais), metalurgia básica (-5,6 pontos percentuais), couros e calçados (-4,6 pontos percentuais) e veículos automotores (-4,5 pontos percentuais).


Com exceção do emprego, que se manteve praticamente estável em maio frente a abril, com crescimento de apenas 0,1% de um mês para o outro, os demais indicadores registraram declínio no período.  O faturamento e as horas trabalhadas caíram 0,4% e 1,4%, respectivamente, mas, apesar da queda mensal, o faturamento registra crescimento de 2,3% em 2012.


Também os salários da indústria recuaram em média 0,8% no período, enquanto o rendimento médio dos trabalhadores do setor diminuiu 1,3%, de acordo com dados sem ajuste sazonal. Conforme o estudo, o rendimento – que inclui salário, abonos, participação nos lucros, horas extras e outros ganhos, com exceção de indenizações e encargos trabalhistas – está caindo há um ano.


Na opinião do economista-chefe da CNI, o declínio da atividade industrial se deve aos reflexos da crise econômica internacional, que estreitou os mercados e acirrou a concorrência dos produtos importados no mercado interno. Outro fator que agrava a perda de competitividade da indústria nacional, segundo Castelo Branco, é o alto custo de se produzir no Brasil. “A realidade mostra dificuldades maiores do que se previa. O primeiro semestre já foi perdido para a indústria”, enfatizou.

SXC
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