Bancos de países emergentes são mais otimistas


Apesar de temerem choques bancários globais, especialistas do sistema financeiro da América Latina, África, Ásia e do Extremo Oriente vislumbram melhores perspectivas para o setor do que executivos da América do Norte e Europa. É o que aponta o relatório Banking Banana Skins 2012, realizado pela PwC em parceria com o Centre for the Study of Financial Innovation (CSFI’s).


É a primeira vez em 13 anos que o estudo desenha um cenário mais otimista para as economias emergentes do que para os países desenvolvidos – embora aponte uma crescente preocupação com a situação da China, cuja economia passa por um momento de desaceleração e de intensas pressões sobre os bancos.


A pesquisa, que aborda os riscos para as instituições financeiras em todo o mundo (as cascas de banana a que o nome se refere), mostra que é elevada a crença na possibilidade de uma nova crise bancária e de outra onda de recessão global e coloca os problemas macroeconômicos no topo da lista das 30 maiores ameaças às instituições financeiras. O ranking é baseado em levantamento feito com mais de 700 banqueiros, reguladores e analistas de 58 países.


O relatório revela que nunca a preocupação com o futuro dos bancos foi tão acentuada. Muitos especialistas entrevistados dizem acreditar na ocorrência de novas falências bancárias e nacionalizações. “Os bancos estão preocupados com os problemas decorrentes da contínua crise na zona do euro, com as ameaças de novo corte no crédito e com as incertezas criadas pelas mudanças regulatórias”, analisa Álvaro Taiar, sócio e líder de Serviços Financeiros da PwC Brasil. No entanto, ele acrescenta que “os bancos brasileiros estão em ótima posição para enfrentar uma possível crise no sistema financeiro”.


Maiores riscos


De acordo com o levantamento, o principal motivo de preocupação no mercado é a crise da zona do euro, que ameaça a soberania de diversos países. Isso porque o impacto de um colapso do euro atingiria não apenas a Europa, mas todas as principais economias do mundo. Banqueiros de regiões distantes do bloco, como Estados Unidos, Canadá, China, Argentina e Austrália, apontam a crise do euro como a maior de suas preocupações.


A primeira consequência de um crash na Europa seria a perda significativa de crédito (2º item no ranking), seguida por uma crise de financiamento devido à dificuldade de acesso à liquidez e a novas fontes de capital (3º e 4º da lista). Além disso, a crescente interferência política (5º) e a maior regulação (6º) do setor bancário são grandes motivos de estresse no mercado. Embora as mudanças regulatórias objetivem solucionar a crise, elas estão aumentando os custos para os bancos e dificultando a concessão de crédito.


A preocupação quanto à habilidade das instituições em gerir internamente o momento de crise é igualmente alta: a fragilidade na gestão das companhias (9º) e o gerenciamento de riscos (10º) também aparecem no ranking. Uma grande inquietação dos especialistas está relacionada à capacidade do sistema bancário de sobreviver à quebra de um banco com grande peso na economia.


Em 7º e 8º lugares no ranking de preocupações estão, respectivamente, a rentabilidade e os derivativos.

SXC
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