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Uma pesquisa realizada no Hospital Alemão Oswaldo Cruz revelou que o uso de um smartwatch com aplicativo de feedback melhorou a qualidade da ressuscitação cardiopulmonar.
Liderado pelo cardiologista Dr. Leandro Costa, o estudo mostrou que o uso do dispositivo aumentou em até 18% a qualidade das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), técnica usada para restabelecer a circulação sanguínea em casos de parada cardiorrespiratória.
Com o uso do sistema, os participantes da pesquisa passaram a fazer as compressões de forma muito mais precisa. O desempenho geral aumentou de 82% para 97%, o ritmo correto das compressões subiu de 62% para 94%, e a profundidade adequada atingiu 100% dos casos.
O trabalho, publicado na revista científica Resuscitation Plus (Elsevier), avaliou 90 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e estudantes de medicina, durante simulações em manequins de treinamento. Cada participante realizou compressões torácicas em duas etapas: primeiro sem auxílio tecnológico e, depois, utilizando um aplicativo criado especialmente para o estudo e instalado em um smartwatch de uso comum, que oferecia orientações visuais e sonoras sobre o ritmo e a profundidade ideais das compressões.
Segundo o autor, o desempenho das compressões é um dos três fatores que determinam as chances de sobrevivência em uma parada cardíaca, junto com o reconhecimento rápido da emergência e o uso precoce do desfibrilador.
“Mesmo pessoas treinadas podem perder rendimento por causa da fadiga ou do estresse da situação. O smartwatch funciona como um orientador em tempo real, ajudando o socorrista a manter o padrão de compressões recomendado”, explica.
A importância da RCP de qualidade
Dados da Associação Americana do Coração mostram que cada aumento de 5 milímetros na profundidade média das compressões está associado a um ganho de 29% nas chances de sobrevivência, além de elevar em 30% as chances de se recuperar bem das funções neurológicas após a parada cardíaca. Outro estudo, da JAMA Cardiology, identificou que compressões executadas com cerca de 4,7 cm de profundidade e em ritmo de 107 por minuto aumentam em 40% a probabilidade de alta hospitalar.
“Esses números mostram o impacto que pequenas diferenças de técnica têm no desfecho clínico. Quando um dispositivo ajuda o socorrista a manter o ritmo e a força ideais, o ganho potencial é enorme, especialmente fora do hospital, em que acontecem 80% a 90% das paradas cardíacas”, afirma Costa.
Para o cardiologista, o avanço mais promissor está fora do hospital. “O futuro está em capacitar o leigo. A ideia é que o mesmo relógio usado para monitorar atividade física também possa orientar quem presencia uma emergência, até a chegada do socorro especializado. Isso pode multiplicar as chances de sobrevivência”, afirma.
O estudo foi conduzido no Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que disponibilizou infraestrutura, comitê de ética e suporte estatístico. Segundo o Dr. Leandro Costa, a publicação marca um passo importante na integração entre tecnologia vestível (wearable technology) e atendimento de emergência.
