Há 51 anos, o Muro de Berlim, um dos marcos mais tristes da história recente, começava a ser erguido. Nesta segunda-feira (13), uma cerimônia na capital alemã, com participação do encarregado do governo da Alemanha para Política dos Direitos Humanos, Markus Löning, homenageou as vítimas da divisão do país. Um grupo de estudos, organizado pela Fundação Muro de Berlim, também reuniu estudantes da cidade para discutir a construção e a queda do Muro com testemunhas e historiadores.
Já há quase 22 anos, o Muro é apenas história: uma revolução pacífica conduzida pelo povo na República Democrática Alemã (RDA) o derrubou, assim como ao regime que o construiu há meio século. No entanto, apesar de olhar para frente e pensar que agora o Muro não passa de uma lembrança, é necessário também olhar para trás. Aquele 13 de agosto de 1961 marcou toda uma época e trouxe consequências para diversas gerações de alemães que sofreram com a divisão do país.
Tudo começou após o final da Segunda Guerra Mundial e a divisão da Alemanha e de Berlim em zonas de ocupação capitalista e socialista. Já em 1949, insatisfeitos com a ditadura comunista na Alemanha Oriental, muitos alemães começaram a fugir para o outro lado, para a livre e bem sucedida República Federal da Alemanha. Diante da situação, o SED, Partido Único da RDA, começou a pensar em alternativas para impedir que uma massa deixasse o país.
Primeiro foi o aumento da vigilância nas fronteiras, depois a construção de barreiras nos acessos entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental. Walter Ulbricht, chefe de Estado e líder do partido na época, chegou até mesmo a afirmar que “ninguém tem a intenção de construir um muro”. No entanto, cerca de dois meses depois de dizer a frase, considerada uma das maiores mentiras da história contemporânea, o Muro de Berlim começou a ser construído. De um dia para o outro, famílias foram divididas e amigos separados, e cenas de fugas dramáticas, como a de um jovem saltando de uma janela na rua Bernauer Straße, viriam a ser registradas.
O objetivo de impedir o êxodo em massa foi atingido. No entanto, o desejo de liberdade não. Durante seus 28 anos de história, milhares de pessoas foram presas ou mortas em tentativas de fuga, enquanto outro tanto sofreu represálias por almejar um futuro melhor, mantendo acesa a chama por um país livre.
Em 1989, Erich Honecker, chefe do SED, chegou a afirmar que o Muro continuaria de pé pelos próximos 50, 100 anos. Mal sabia ele que uma revolução pacífica, iniciada nas ruas e igrejas da então Alemanha Oriental, provaria que ele estava errado e que apenas meses depois, em 9 de novembro, o Muro passaria a ser história e não mais uma barreira entre uma nação.