Líderes de grandes empresas da indústria automobilística se reuniram no painel internacional sobre oportunidades e desafios do setor com a nova economia e cenários energéticos, parte do 21º Congresso e Exposição Internacionais de Tecnologia da Mobilidade. Organizado de 2 de outubro até esta quinta-feira (4) pela SAE Brasil em São Paulo, o encontro promoveu o debate sobre tecnologias, processos, técnicas e estudos que favorecem a mobilidade urbana nos campos econômico, ambiental e social. A SAE BRASIL é uma associação sem fins lucrativos que congrega pessoas físicas (engenheiros, técnicos e executivos) unidas pela missão de disseminar técnicas e conhecimentos relativos à tecnologia da mobilidade em suas variadas formas: terrestre, marítima e aeroespacial.
As discussões do painel, realizado nesta quarta-feira (3), giraram em torno, principalmente, da necessidade do setor automobilístico se unir para reduzir custos e melhorar a eficiência de seus veículos a partir de uma padronização global de processos. Segundo David Schutt, CEO da SAE Internacional, o modelo a ser seguido é o da indústria aeroespacial, que desde os seus primórdios trabalha no sentido de unificar procedimentos e legislações para a produção de aeronaves em todo o mundo. “Eles são exemplo de como é importante se juntar para sobreviver à globalização. Atuaram com pioneirismo em questões como sustentabilidade e novas fontes de energia”, aponta.
A ZF do Brasil levou ao debate suas tecnologias de transmissão automotiva. O diretor de operações da empresa, Thomas Schmidt, apresentou as vantagens da transmissão eletrificada, como a maior eficiência e consequente redução de emissão de CO2. Segundo ele, um sistema híbrido pode contribuir na economia de até 25% de combustível necessário a um carro. “Deixar os veículos e seus componentes mais leves, práticos e eficientes é muito importante para conseguir esses bons resultados”, afirma. “Softwares modernos contribuem com cálculos e perspectivas para o desenvolvimento de componentes compactos, eficazes e que utilizam menos material em sua construção”, completa Hans Joachin Helml, vice-presidente da empresa alemã Neumayer Tekfor.
Todos os componentes do carro e seus sistemas podem contribuir para a melhora do desempenho e redução da emissão de CO2. No entanto, os especialistas defenderam uma análise mais profunda sobre o quanto um automóvel é ecologicamente responsável. “É importante observar que nem toda solução elétrica, por exemplo, é 100% limpa e livre de emissões CO2. É preciso verificar de onde vem a energia utilizada na produção dos componentes ou no abastecimento da rede que irá carregar as baterias dos novos carros elétricos. No caso das usinas termoelétricas, por exemplo, há muita emissão. As energias eólica e hidroelétrica são mais limpas”, analisa Stefan Pischinger, presidente e CEO da também alemã FEV GmbH.
Outro aspecto abordado pelos palestrantes foi a necessidade do setor automobilístico de inovar sempre. Característica fundamental de uma indústria que precisa se aprimorar e buscar soluções para novos e antigos problemas, a inovação é algo que não acontece por acidente, mas a partir de esforços de fornecedores e montadoras. “É preciso ter uma estrutura para que isso aconteça. Esse conceito deve estar inserido no negócio, em todas as suas áreas”, afirma Helml.