O risco de aprofundamento da crise na zona do euro e de desaceleração além do esperado na China terá impacto sobre o crescimento no Brasil e em toda a América Latina. O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu de 2,5% para 1,5% a previsão de expansão da economia brasileira neste ano, e de 4,7% para 4% em 2013.
A estimativa consta do relatório Perspectiva Econômica Mundial, divulgado nesta segunda-feira (8), às vésperas do início da semana de reuniões entre o órgão e o Banco Mundial, no Japão. Na avaliação do FMI, a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) será maior no Brasil do que na totalidade do continente. O documento projeta crescimento de 3,2% para a América Latina e o Caribe em 2012, abaixo dos 3,4% divulgados no boletim anterior, em julho, e de 3,9% em 2013 (contra os 4,2% anteriores).
Segundo o relatório, o desempenho fraco do crescimento do continente tem como uma importante causa a retomada abaixo do esperado do crescimento no Brasil. Essa desaceleração brasileira se deveu “às condições externas precárias e à transmissão mais lenta da distensão da política monetária desde agosto de 2011, como resultado do aumento da inadimplência, depois de muitos anos de rápida expansão do crédito”, diz o texto.
Na avaliação do FMI, o Brasil e o México, as duas maiores economias da região, terão um desafio para recuperar a atividade econômica. De acordo com os técnicos do fundo, os bancos centrais dos dois países deverão se ver forçados a reduzir ainda mais os juros caso a crise global continue a se intensificar. No entanto, eles terão de se preparar para aceitar maiores taxas de inflação caso isto ocorra.
“A política monetária deve ser a primeira linha de defesa caso o crescimento global desacelere mais do que o esperado, especialmente em economias com estruturas de metas de inflação estabelecidas e testadas”, informou o FMI no documento. “Autoridades da região precisam estar alerta sobre o contágio de perspectivas mais fracas em economias avançadas e em importantes economias emergentes fora da região”, diz o texto.
No caso do Brasil, o FMI advertiu ainda que o ritmo de expansão do crédito traz risco para a economia porque estimula a inadimplência. O indicador relativo ao comportamento do crédito no Brasil passou de risco médio, em abril, para risco alto no novo relatório. Esses indicadores mostram se a expansão do PIB ocorre de forma sustentável, de modo que o crescimento não torne o país mais frágil em relação a choques econômicos.
O FMI prevê que o déficit de transações correntes brasileiro deve encerrar o ano em 2,6% do PIB, contra 3,2% na previsão anterior. Para 2013, a estimativa também caiu, de 3,2% para 2,8% do PIB. O déficit em conta corrente indica a dependência de um país dos capitais financeiros estrangeiros. Quanto maior o rombo, maior a necessidade de recursos externos para financiar o balanço de pagamentos do país.
Zona do euro
A projeção do Fundo para o PIB da zona do euro é de contração de 0,4% neste ano (contra 0,3% no relatório anterior) e de um crescimento de apenas 0,2% no ano que vem (contra 0,7% em julho).
“Espera-se que as economias do ‘centro’ da zona do euro tenham um crescimento baixo, porém positivo, em 2012 e 2013. Já a maioria das economias da ‘periferia’ devem sofrer uma contração aguda em 2012 , devido às políticas fiscais austeras e às condições financeiras, e devem começar a se recuperar apenas em 2013”, diz o relatório.
Pelas previsões do FMI, a Alemanha vai crescer 0,9% tanto neste ano quanto no ano que vem – no relatório anterior, a estimativa para 2013 era de 1,4%.
Com informações da Agência Brasil