A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo, por meio de seu Departamento de Meio Ambiente, em parceria com a Agência de Cooperação Alemã (GIZ), realizou na terça-feira (23) a 1ª Conferência “Das Renováveis à Eficiência Energética”. O evento reuniu especialistas brasileiros e alemães em energias limpas na discussão das mais recentes inovações, dos desafios e do progresso da implantação dessas alternativas no Brasil.
Três principais fontes energéticas foram tema de debate: fotovoltaica ou solar, eólica e biogás/biomassa. Uma discussão comum às três foi o conceito de geração distribuída, assunto que vem sendo abordado nos mais importantes seminários de energias renováveis no Brasil.
Esse modelo, defendido pelos especialistas, propõe a integração de pequenas unidades privadas produtoras de energia limpa à rede elétrica nacional. O abastecimento da linha geral das concessionárias com a produção excedente levaria a uma compensação financeira para esses fornecedores, em uma regra que deve ser fixada ainda este ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Cícero Bley, superintendente de Energias Renováveis na Itaipu Binacional, apresentou em sua palestra o exemplo da hidrelétrica e do uso das fontes alternativas em suas instalações. Além dos painéis fotovoltaicos, a usina aproveita a grande concentração de material orgânico na barragem para a geração de biogás. Antes um problema em constante ascensão, impulsionado pelas mudanças climáticas e dos ciclos hidrológicos, a biomassa passou a ser uma solução inclusive em outras áreas da economia. “O biogás, produto da biomassa e matéria-prima para a geração de energia elétrica, é comum a todas as áreas do agronegócio. O Brasil deve aproveitar sua força no setor e ampliar a coleta de biogás no campo, inclusive nas pequenas propriedades rurais”, afirma Bley.
Sugestões e projetos interessantes, na área de energia fotovoltaica, reafirmaram o potencial brasileiro para a utilização massiva desse recurso. Instalação de painéis em telhados, estacionamentos e fachadas garantiriam uma melhor eficiência energética ao Brasil. Apesar do custo ainda elevado desse tipo de solução, a tendência é de queda nos preços, aumento da qualidade e perspectiva de amortização cada vez mais rápida do investimento.
A energia eólica, já utilizada em abundância em países como a Alemanha, enfrenta desafios mais burocráticos do que práticos no Brasil. Segundo informou a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), dos 104 parques de energia eólica do Brasil, com produção de até 2,3GW, 26 estão com suas atividades paradas, o que corresponde ao não aproveitamento de 27% dessa capacidade instalada. As licitações para a distribuição de energia são voltadas a outras empresas que não aquelas responsáveis pela produção. Dessa forma, desde 2009, essas usinas foram licitadas e construídas, enquanto as linhas de transmissão até elas ainda não foram concluídas. As outras 78 geram energia e já estão conectadas à rede.
O evento teve o patrocínio da Allianz Seguros, associada da Câmara Brasil-Alemanha.
Publicação
A Conferência é um desdobramento de uma publicação digital homônima sobre o tema, lançada pela Câmara durante a Rio+20, em setembro deste ano. Os interessados podem solicitar um exemplar gratuito enviando e-mail para mambiente@ahkbrasil.com. A retirada do material, disponível em CD, deve ser feita na sede da instituição, em São Paulo.