O Brasil só está à frente da Argentina na lista que compara a competitividade de 14 países com economia semelhante à brasileira. O levantamento "Competitividade Brasil 2012", feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que o Brasil ocupa a 13ª posição em um grupo que considera os integrantes do BRICs (Rússia, Índia, China e África do Sul), alguns países da América do Sul e outros, como México, Polônia, Espanha e Austrália. O país mais competitivo entre os 14 pesquisados é o Canadá, seguido pela Coréia do Sul. A posição brasileira é a mesma verificada na edição 2010 do estudo.
A má posição do Brasil se deve principalmente à mão de obra cara, ao alto custo do capital, à má qualidade da infraestrutura de transporte e ao ambiente macroeconômico desfavorável. Em todos os quatro quesitos o Brasil ficou na pior colocação do ranking. “A indústria brasileira está perdendo espaço tanto no mercado interno, como no externo. O baixo nível de investimento, sobretudo em inovação, certamente se apresenta como uma das razões para esse desempenho", afirma o gerente de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. "Mas por que as empresas deixariam de investir se isso é crucial para sua sobrevivência? É aqui que o ambiente econômico desfavorável, a deficiência na infraestrutura do País e a baixa qualidade da educação mostram sua importância”, acrescenta Fonseca.
Infraestrutura e mão de obra
A CNI ressalta que a má qualidade da infraestrutura brasileira é uma barreira para a competitividade. O País tem o sistema de transporte menos competitivo entre os 14 pesquisados. A pior situação é a dos portos e dos aeroportos. A infraestrutura ferroviária coloca o Brasil em 12ª posição, e a qualidade das rodovias, em 11ª. A situação da infraestrutura de energia e comunicações é melhor. O Brasil está em 6º, atrás da Rússia, Coréia do Sul, Chile, Polônia e Espanha. O País aparece em 8º lugar na comparação dos serviços associados ao comércio exterior/alfândega, capacidade logística, rastreabilidade e pontualidade.
O Brasil é o país com a maior disponibilidade de mão de obra porque dispõe de um grande número de pessoas economicamente ativas. Porém, o elevado custo da mão de obra e a baixa produtividade reduzem os benefícios dessa vantagem. “Há alguns anos não era difícil encontrar analistas econômicos apontando que uma das vantagens competitivas da economia brasileira era a juventude da população. Infelizmente, o período do bônus demográfico está caminhando para o fim, e o Brasil não conseguiu se aproveitar dessa oportunidade em razão da baixa qualidade da educação”, avalia Renato da Fonseca.
Cenário econômico desfavorável
No Brasil, o ambiente macroeconômico é menos favorável à competitividade. Mesmo com a queda nos últimos meses, a taxa de juros real de curto prazo torna o capital brasileiro o mais oneroso dos 14 países. No entanto, o Brasil ocupa posição intermediária (7ª) no quesito disponibilidade de capital, por oferecer mediana facilidade de acesso ao financiamento, de captação de recursos no mercado de capital e de mobilização de capital para projetos inovadores.
A carga fiscal também representa uma desvantagem competitiva em relação aos demais países selecionados. O Brasil aparece em penúltimo lugar no critério peso dos tributos, atrás apenas da Argentina. Apesar de todas as barreiras macroeconômicas, o País tem como vantagem um movimentado mercado doméstico. Apenas os mercados internos da China e da Índia são mais dinâmicos que o brasileiro.