A Lanxess anunciou, em coletiva de imprensa em São Paulo nesta segunda-feira (4), que decidiu converter a produção de borracha de estireno butadieno em emulsão (E-SBR), utilizada em pneus padrão, para borracha de estireno butadieno em solução (S-SBR), utilizada nos “pneus verdes” de alto desempenho, em sua fábrica em Triunfo, no Rio Grande do Sul. A empresa alemã de especialidades químicas é a primeira do mundo a realizar essa conversão, e é o principal produtor global de borracha de alta performance.
A futura capacidade de S-SBR em Triunfo, segundo a companhia, será de 110 mil toneladas métricas por ano, exatamente o mesmo que a atual capacidade de E-SBR. A troca na tecnologia de produção representa um investimento de € 80 milhões (ou R$ 208 milhões), que serão financiados com o fluxo de caixa da empresa. Até 500 trabalhadores temporários serão necessários durante a fase de conversão, e a fábrica vai começar a produzir as borrachas sintéticas de S-SBR no final de 2014. O fornecimento regular de E-SBR para os clientes da Lanxess será mantido na planta da empresa em Duque de Caxias (Rio de Janeiro).
“Estamos satisfeitos em anunciar mais um grande investimento de borracha sintética no Brasil, o que reforça o nosso compromisso com nossas plantas e funcionários aqui”, disse Werner Breuers, membro do Conselho de Administração da Lanxess, durante a coletiva.
Informações da companhia dão conta de que o crescimento global da demanda por S-SBR e pela borracha de polibutadieno com catalisador de neodímio (Nd-PBR) é estimado em cerca de 10% ao ano até 2017, à medida que os consumidores mudam para os “pneus verdes”, com maior eficiência de combustível e ecologicamente corretos.
Estudos citados pela Lanxess mostram que de 20% a 30% do consumo de combustível e 24% das emissões de CO2 de um veículo, nas estradas, estão relacionados com os pneus. Os “pneus verdes” podem reduzir o consumo de combustível em 5% a 7% e têm um período de amortização mais curto do custo, em comparação com outras tecnologias de economia de combustível em carros, como sistemas automáticos de partida e parada e unidades híbridas.
Demanda crescente por “pneus verdes”
Um dos fatores que vai acelerar a demanda pelos pneus é a rotulagem das peças, já introduzida ou em vias de utilização em vários países.
Em novembro de 2012, por exemplo, a rotulagem obrigatória dos pneus foi lançada na União Europeia (UE), similar às etiquetas de consumo encontradas em geladeiras e máquinas de lavar. Os pneus são classificados de A (melhor desempenho) a G, de acordo com sua eficiência de combustível, e de A a F de acordo com a sua aderência em piso molhado. O ruído de rolagem também é medido.
O governo brasileiro pretende implementar a rotulagem de pneus, seguindo o modelo das normas da UE, a partir de outubro de 2016.
“O consumidor final poderá escolher melhor na hora de comprar pneus. No momento em que o Inmetro regular o segmento, ele poderá tomar a decisão de comprar desde um pneu “A” até um “G”, com as consequências dessa decisão. O consumidor vai sentir no bolso o retorno [da aquisição de um ‘pneu verde’] na hora de encher o tanque, já que ele ajuda a economizar combustível e é mais durável”, afirmou Marcelo Lacerda, presidente da Lanxess no Brasil.
Joachim Grub, chefe da unidade de negócios Performance Butadiene Rubbers (PBR) da companhia química, lembrou, em sua apresentação, que o Brasil é o 4º maior mercado consumidor e 6º maior produtor de veículos no mundo, e a estimativa é de que a produção cresça 6% ao ano até 2020. “Vinte e seis montadoras atuam no Brasil e elas vão continuar a investir no País. Espera-se que a demanda por pneus – e por pneus de alta performance, em particular – continue crescendo rapidamente nos próximos anos”, destacou. Além da rotulagem de pneus, o executivo citou o programa Inovar-Auto, lançado pelo governo federal no ano passado, que exige que os carros vendidos no mercado nacional melhorem em eficiência de combustível até 2017, o que vai aumentar, assim, a demanda pelos “pneus verdes”.
Lanxess no Brasil
No Brasil, a companhia alemã está representada por meio de suas 14 unidades de negócio, possui aproximadamente 1.100 funcionários, cinco unidades produtivas, laboratórios e escritórios, distribuídos pelas cidades de São Paulo e Porto Feliz (SP), São Leopoldo e Triunfo (RS), Duque de Caxias (RJ), Cabo de Santo Agostinho e Recife (PE). Com um faturamento de €161 milhões, as unidades do País eram responsáveis por menos de 1% das vendas globais da Lanxess em 2005, mas hoje, com um faturamento de €907 milhões (em 2011), já respondem por cerca de 10%. Desde 2005, a empresa fez um investimento total de U$ 1 bilhão no Brasil.