O tema nuclear se destacou no primeiro discurso feito por Barack Obama em Berlim como presidente norte-americano, nesta quarta-feira (19), diante do Portão de Brandemburgo. Obama já havia falado aos berlinenses em 2008, quando ainda era um pré-candidato à presidência dos EUA.
Proferindo seu discurso exatamente 50 anos depois da emblemática visita de John F. Kennedy a Berlim, em plena Guerra Fria, Obama fez questão de lembrar as palavras do antecessor.
“Seu voto de solidariedade – ‘Eu sou um berlinense’ – ecoa através dos anos. Mas isso não foi tudo o que ele disse naquele dia. Menos lembrado é o desafio que ele fez à multidão diante dele: ‘Deixe-me pedir a vocês que voltem seus olhos para além dos perigos de hoje’ e ‘para além da liberdade meramente desta cidade’. Olhem, ele disse, ‘para o dia em que haverá paz com justiça, não apenas para vocês ou para nós, mas para toda a humanidade'”.
Obama disse que, se “voltarmos nossos olhos como o presidente Kennedy nos pediu para fazer, reconheceremos que nosso trabalho ainda não está acabado. Podemos não vivemos mais com medo permanente de uma aniquilação global, mas enquanto as armas nucleares existirem, nós não estaremos verdadeiramente seguros”.
O presidente defendeu a redução em um terço do arsenal nuclear no mundo, e afirmou que pretende negociar a posição com a Rússia e trabalhar com seus parceiros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para a elaboração de uma nova estrutura do uso pacífico da energia nuclear no mundo.
Outros assuntos abordados pelo norte-americano em sua fala foram as mudanças climáticas, os movimentos populares ao redor do mundo, a prisão de Guantánamo e a pobreza e o desemprego.
Em uma entrevista coletiva concedida juntamente com a chanceler alemã, Angela Merkel, Obama respondeu sobre o programa de espionagem de dados virtuais dos EUA, declarando que o chamado Prism preveniu ataques terroristas, não lê sistematicamente dados de cidadãos e não ameaça as liberdades civis.