Um estudo de uma cientista alemã mostra que o processo de acidificação dos oceanos, em decorrência da dissolução de dióxido de carbono (CO2) na água, poderá acentuar o aquecimento global ao diminuir a emissão de gases de origem marinha. A pesquisa da alemã Katharina Six, do Instituto Max Planck, foi publicada na revista especializada Nature Climate Change. Para comprovar sua tese, a pesquisadora fez simulações.
O CO2 é um dos principais gases geradores de efeito estufa, emitido pela atividade humana em quantidades cada vez maiores, e é também o principal responsável pela acidificação das águas dos oceanos, que absorvem cerca de um quarto das emissões totais. De acordo com Katharina Six, os efeitos da acidificação não levam em conta atualmente as projeções sobre a evolução das alterações climáticas devido ao aquecimento da atmosfera.
O estudo mostra que a baixa do índice de PH (que indica o grau de acidez) da água dos oceanos provoca uma baixa da concentração de dimetilo de enxofre (DMS), um gás produzido naturalmente pelo fitoplâncton (organismos vegetais aquáticos) e que tem influência no papel dos oceanos na regulação do clima. Ao ser libertado para a atmosfera, o DMS cria aerossóis que ao refletirem a luz do sol permitem reduzir a temperatura da superfície terrestre.
A pesquisa conclui, a partir de simulações, que uma baixa de 18% até 2100 das emissões do gás de origem marinha resultará em um aquecimento global suplementar de entre 0,23 ºC e 0,48ºC – variação suficiente para que este mecanismo até agora desconhecido seja levado em conta em futuras projeções sobre o aquecimento global.
Agência Brasil