A partir de novembro, a EMDOC, consultoria especializada em serviços de mobilidade global, inicia trabalho de pesquisa sobre o processo imigratório no País. Denominado “Contratação de mão de obra estrangeira no Brasil: uma análise da experiência das empresas brasileiras”, o levantamento é realizado em parceria com a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e terá como objetivo identificar os entraves encontrados pelas empresas ao contratarem imigrantes para trabalhar no País. Ao todo, mais de 200 empresas devem ser consultadas pela pesquisa.
Ao contrário de países desenvolvidos, que apresentam crescente aumento no número de imigrantes, no Brasil, a trajetória é de forte queda. Em 1900, cerca de 7,3% da população brasileira era composta por imigrantes. Em 2010, este número caiu para 0,4%. Em números absolutos, mesmo considerando que o total da população cresceu mais de 10 vezes neste intervalo, a quantidade de imigrantes caiu de 1,6 milhão para apenas 600 mil, no mesmo intervalo.
“A contratação de mão de obra estrangeira é essencial para garantir o aumento da produtividade e, consequentemente, da nossa competitividade internacional. Com a pesquisa, a SAE terá um mapeamento completo de onde estão as dificuldades encontradas pelas empresas quando decidem trazer estes profissionais para o Brasil, ou seja, reforça uma preocupação estratégica com o desenvolvimento de longo prazo do nosso País”, explica João Marques, sócio-fundador da EMDOC.
Em países como Suíça e Nova Zelândia, o percentual de imigrantes chega a 23,2% e 22,4%, respectivamente. O Brasil perde inclusive para a África do Sul, último país a ser incorporado aos BRICS, cujo percentual de imigrantes corresponde a 3,7% da população.
“Não há dúvidas sobre os benefícios proporcionados pela vinda de imigrantes para o País. Se analisarmos a própria história brasileira destacaremos a fundamental participação dos imigrantes no século XX para a modernização da nossa agricultura, assim como para o desenvolvimento do nosso comércio e setor de serviços, bem como do processo industrial”, reitera Marques.
O número de vistos de trabalho tem crescido ao longo dos anos, porém o Brasil ainda é pouco atrativo. No ranking dos países mais atrativos, o País se encontra na 27ª colocação, enquanto o Chile está em 9º e a China, em 19º.
“A pesquisa que iremos realizar dará subsídios para identificar os problemas e, consequentemente, abre espaço para a adoção de políticas para incentivar e desburocratizar a vinda de estrangeiros para o País. Acreditamos que se trata de uma mudança estratégica e que terá grandes consequências no longo prazo”, reitera o executivo.