Nesta segunda-feira (3), a Lufthansa comemorou seu 80° aniversário de lançamento do serviço de correio aéreo da Alemanha para a América do Sul – conquista pioneira que recebeu notoriedade internacional. A empresa cobriu a distância de mais de 13.000 km de Berlim (Alemanha) para Buenos Aires (Argentina) em apenas seis dias. A rota era composta de várias fases e vários tipos de aeronaves foram disponibilizados.
No primeiro ano do novo serviço, a Lufthansa e o Syndicato Condor – companhia aérea brasileira, fundada e operada pela empresa alemã – carregou 5.085 kg de correspondência em 47 voos. Essa conexão abriu novas oportunidades de negócio para a indústria alemã na América do Sul, um mercado que, até então, era acessível praticamente a empresas americanas.
Segundo a companhia, a travessia transatlântica fazia parte de um voo de revezamento que compreendia várias etapas. Nas primeiras, o percurso era feito pela aeronave modelo Heinkel He 70, carregando 37.53 kg de correspondência, saindo de Berlim em direção à Stuttgart e depois continuava via Marselha (França) para Sevilha (Espanha).
Em seguida, um avião modelo Junkers Ju 52 colocava a correspondência a bordo, após uma escala em Las Palmas (Espanha), e voava em direção a Bathurst (atual Banjul, capital da Gambia), onde a Lufthansa transportava os sacos com a correspondência para sua “estação flutuante de retransmissão” baseada no porto da cidade. O ex-navio a vapor convertido, que era usado como um barco catapulta (espécie de porta-avião), navegava para a América do Sul carregando um hidroavião Dornier Wal no convés.
Após 36 horas, a aeronave era catapultada no ar, como em um porta-aviões. Na cidade de Natal (Brasil), um hidroavião Junkers W 34 esperava a chegada do hidroavião “Taifun”. O Ju W 34 era o elo final da cadeia de revezamento que levava a correspondência para seus destinos finais: Rio de Janeiro (Brasil) e Buenos Aires.
Já ao final de 1934, o tempo de transição já era reduzido para três dias, graças à disposição de um segundo navio catapulta. No final da década de 1930, um sistema de correspondência aérea já tinha sido estabelecido, conectando os países mais importantes da América do Sul com as principais cidades europeias. Cerca de 100.000 cartas eram carregadas em cada voo. Alguns dias antes da explosão da Segunda Guerra Mundial, na qual resultou na suspensão de todos os voos da Lufthansa, o hidroavião da companhia que carregava correspondência cruzou o Atlântico Sul pela última vez. Aeronaves e navios de apoio retornaram à Alemanha.
De acordo com a companhia, desde o primeiro correio aéreo em 3 de fevereiro de 1934, a Lufthansa cruzou o Atlântico Sul 481 vezes.
Até hoje, o correio aéreo permanece a primeira escolha dos serviços postais, sendo a forma postal mais rápida e confiável ao redor do mundo. No total, 200 empresas postais utilizam o serviço Lufthansa Cargo. Ano passado, foram carregadas mais de 40.000 toneladas de correspondências em segurança e rapidamente. As rotas mais ocupadas são as da China para os Estados Unidos. Entretanto, as correspondências de lugares mais “exóticos” – incluindo cartas de Fiji, Papua Nova Guiné e Vanuata no Pacífico Sul – também são carregadas pelo serviço aéreo da Lufthansa.