Indústrias alemãs x investimentos no exterior

Pesquisa feita neste início de ano pela Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria (DIHK, na sigla em alemão) com as indústrias alemãs a ela associadas sobre as intenções de investimentos no exterior revela que 45% delas pretendem investir em outros países neste ano – em 2013, eram 46%, o que mostra, de acordo com o DIHK, que o nível de intenções de investimentos continua alto.

O relatório também mostra que as companhias pretendem aportar mais capital nessa atividade do que em 2013, o que pode resultar em um investimento maior do que no ano passado. O volume maior de capital ao exterior, segundo o DIHK, mostra-se igualmente benéfico à economia doméstica, na medida em que as indústrias com aportes fora da Alemanha também tencionam investir mais fortemente no território nacional e aumentar o número de empregados.

Países

O estudo aponta que, pela primeira vez desde 2010, os países do chamado EU-15, que são aqueles que compunham a União Europeia (UE) até 2004 (Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Espanha, Reino Unido, Áustria, Finlândia e Suécia), estão na primeira posição como destinatários dos investimentos das indústrias alemãs no exterior, com uma fatia de 46% (contra 40% em 2013). A recuperação da zona do euro está, assim, de volta à agenda dos planos de investimentos das companhias alemãs.

A China, que havia sido o principal destino em 2013, caiu para a segunda posição, com 42%, e a América do Norte ficou na terceira, com 30%. Rússia, Ucrânia e o sudeste europeu (incluindo a Turquia), ficaram na quarta colocação, com 26%, e, empatados com 23%, estão a Ásia (sem a China), os membros da UE desde 2004/2007 e a América do Sul e outros países.

Motivações

A principal razão apontada pelas empresas para os investimentos no exterior (citada por 80% delas) é estabelecer ou expandir suas linhas produtivas e seus serviços de vendas e de atendimento ao cliente, ou seja, fortalecer sua presença local.

O DIHK alerta que a importância da questão dos custos teve um leve aumento para a decisão do investimento em outros países, após ter diminuído continuamente desde 2003. Enquanto em 2013 os custos foram um fator decisivo para 20% das indústrias, neste ano o índice foi de 21%. O aumento, segundo a entidade, é um sinal de alerta inicial de que a Alemanha pode novamente dilapidar suas vantagens como polo de negócios. Conforme a pesquisa, as empresas que querem investir no exterior em função de melhores condições de custos são significativamente mais restritivas quanto a seus planos de empregos na Alemanha.

As barreiras comerciais também estão crescendo em importância, o que faz com que, também por isso, a Alemanha perca linhas produtivas para outros países, já que diversos mercados emergentes, em particular, estão dificultando a importação de produtos e serviços através de restrições ou cotas. Em 2011, 22% dos respondentes citavam as barreiras comerciais como motivo para investir no exterior, porção que subiu para 26% em 2014.

Outro motivo apontado são a diversificação e a redução de custos com eletricidade e matérias-primas – as indústrias alemãs frequentemente encontram melhores condições fora do país nesses quesitos, especialmente em relação aos custos com eletricidade.

Por fim, de acordo com a pesquisa, outros países estão se tornando mais relevantes para as indústrias alemãs pela maior oferta de mão de obra qualificada, a qual tem sofrido um encolhimento na Alemanha (a razão foi citada por 10% das companhias neste ano, contra 7% em 2011). “Se as companhias encontram mais trabalhadores qualificados no exterior do que no mercado doméstico, a Alemanha corre o risco de perder empresas e investimento importantes no longo prazo”, afirma o DIHK no comunicado sobre o estudo.

CCommons/flickr/bitmask
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