A TÜV Rheinland, um dos maiores grupos mundiais de certificação, inspeção e gerenciamento de projetos, adquiriu 90 camisetas de torcedores mirins de todas as seleções participantes da Copa do Mundo da FIFA e realizou testes para avaliar a qualidade das peças, bem como a presença de substâncias químicas, segundo os valores-limite para produtos têxteis definidos pela Comunidade Europeia.
As camisetas infantis avaliadas não são oficiais, foram compradas de redes varejistas, lojas de souvenirs ou via e-commerce a um preço médio de € 15 por camisa. As 90 camisetas passaram por testes no laboratório têxtil da TÜV Rheinland, na Turquia, para constatar a qualidade e a eventual presença de substâncias tóxicas. Os resultados foram surpreendentes e, por vezes, alarmantes.
“Os resultados foram alarmantes, pois foi constatado, em cerca de 30% das camisetas, a presença de substâncias tóxicas não permitidas ao menos nos EUA e na Europa”, afirma o porta-voz da TÜV Rheinland, Frank Dudley.
A TÜV Rheinland tem laboratórios especializados em todo o mundo para muitas áreas, incluindo ensaios em tecidos. O laboratório da TÜV Rheinland, em Istambul, testou as camisetas infantis de torcedores das seleções da Copa do Mundo com base em normas e critérios de ensaios internacionalmente reconhecidos, e usou os valores-limite europeus como o ponto de referência para todos os produtos.
Visão geral dos resultados
Os testes de laboratório estabeleceram que mais de 30% das camisetas infantis de torcedores excederam os valores-limite para as substâncias tóxicas testadas. Ao todo, 32 camisas excederam o limite europeu para os ftalatos, que são plastificantes utilizados principalmente para impressões sobre tecidos. Há uma suspeita de que os plastificantes causam disfunção hormonal e, portanto, estão proibidos de uso na indústria têxtil. Eles podem ser facilmente substituídos por outras substâncias.
Cinco camisetas ainda ultrapassaram o limite europeu para o cádmio. O cádmio, um metal pesado, também pode ser perigoso em concentrações mais elevadas e causar reações cutâneas, por exemplo. Outro produto (uma camisa de torcedor da Bélgica) ultrapassou o limiar europeu para corantes azo. Alguns corantes azo são cancerígenos e, portanto, estão proibidos de uso na indústria têxtil.
Em 25 das camisetas, a qualidade do acabamento também foi apontada como inadequada. As camisetas ainda apresentaram mais problemas após a lavagem, com os testes apontando mudanças em 28 dos produtos.
Foram analisadas três camisas de torcedores brasileiros, sendo que uma não passou no teste do ftalatos, outra não passou no teste da lavagem e a terceira não passou nos testes do ftalatos e de lavagem. Apenas 30 camisetas estavam livres de substâncias tóxicas e passaram por todos os testes de laboratório.