Segundo a professora Brigitte Lutz-Westphal, da Freie Universität Berlin, a Alemanha está a caminho de um ensino mais orientado para as competências da Matemática. “Há, por exemplo, projetos interessantes sobre modelagem e sobre a aprendizagem por meio de investigação e de solução de problemas matemáticos”, explica.
As crianças iniciam o Ensino Fundamental aos seis anos, mas as primeiras experiências com a disciplina começam já no jardim de infância. “A Matemática desempenha um papel importante para o sucesso escolar, o que se torna especialmente visível para as crianças carentes”, complementa Susanne Prediger, professora da TU Dortmund. “Em nossos projetos, procuramos incentivar jovens com poucos recursos a alcançar os fundamentos matemáticos necessários para serem bem sucedidos nas escolas secundárias.”
Na opinião de Prediger, o grande incentivo para que os jovens alemães se interessem pelo assunto é a economia. “Aqueles que estudam Matemática, Ciências, Tecnologia ou Engenharias conseguem excelentes trabalhos”, diz.
No sistema educacional alemão cada estado tem autonomia sobre a legislação e diretrizes de sua rede de ensino – os 16 estados federais têm 15 currículos diferentes sobre o tema. “A competição entre os estados federais estimula o desenvolvimento de novas ideias, mas gostaríamos de ter um único currículo na Matemática, e não 15”, explica Susanne.
Matemática, Alemanha e Brasil
A professora Brigitte acredita que um evento como o 3º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação – que o DWIH-SP promove em 30 de setembro e 1º de outubro, em São Paulo – é uma oportunidade para os dois países estabelecerem cooperações acadêmicas. “A perspectiva internacional é útil para se alcançar uma visão mais objetiva das circunstâncias do próprio país. A situação no Brasil é muito diferente da alemã, mas podemos compartilhar experiências”, afirma a especialista.
Susanne concorda. “O Brasil tem se desenvolvido em um ritmo acelerado e estamos curiosos para ver como as escolas acompanham estas mudanças sociais e econômicas. Temos certeza de que podemos aprender com essa dinâmica”, afirma.
Susanne Prediger é doutora em Lógica Matemática e Álgebra Universal pela TU Darmstadt, professora titular e, desde 2012, diretora do Institute for Development and Research in Mathematics Education (IEEM) da TU Dortmund. Desde 2013, é vice-presidente da European Society for Research in Mathematics Education (ERME).
Brigitte Lutz-Westphal concluiu o doutorado em Ensino da Matemática pela TU Berlin. Desde 2009, é membro do centro de pesquisa Mathematics for Key Technologies (MATHEON), da DFG, e atualmente é professora associada para o Ensino da Matemática na Freie Universität Berlin.
Centro Alemão de Ciência e Inovação – São Paulo